Assistência técnica é chave para produtividade do leite
Segundo zootecnista mais de 90% das propriedades têm a nutrição do rebanho
como principal dificuldade
Com produção em queda e produtividade abaixo da média nacional Mato Grosso do Sul tem a alternativa de avançar na bovinocultura do leite, mas para isso precisa se abrir à assistência técnica. A afirmação do presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Ruy Fachini Filho, foi direcionada a cerca de 250 produtores de leite, técnicos e estudantes do setor, que participaram do 20º Encontro Técnico do Leite, nesta sexta-feira (2), na capital.
“Sabemos que 80% dos produtores de leite de Mato Grosso do Sul são pequenos produtores, que produzem em média 87 litros de leite por dia. Esta realidade não é suficiente para se estabilizar na atividade, para isso, seria necessária uma produção mínima de 300 litros ao dia. E só chegaremos a este número relativamente confortável com mais assistência técnica”, pontua o dirigente.
Entre as informações do 20º Encontro Técnico do Leite, o zootecnista da Cooperideal, Adilson Luis Gastaldello Júnior, afirmou que em 90% das propriedades, que se dedicam ao leite, enfrentam dificuldes na alimentação do rebanho. “A nutrição é onde esbarra a produtividade; é na produção de alimento volumoso de qualidade e em quantidade suficiente para rebanho. O produtor deve entender qual a melhor maneira de fazer com que o custo seja viável, oferecendo comida suficiente para não prejudicar sua receita”, enfatiza.
Sobre o papel da assistência técnica neste cenário o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), Maurício Saito, destacou durante o evento que por meio do Senar/MS, cerca de 1000 propriedades são assistidas pelo Mais Leite. “Apenas o conhecimento poderá mudar a realidade deste mercado. Mato Grosso do Sul produz mil litros de leite por dia, volume muito inferior à média nacional de 1,5 mil litros ao dia”, reforçou. Entre os programas gratuitos de assistência ao produtor de leite, Mato Grosso do Sul conta também com o Leite Forte, programa do Governo do Estado, que atende mais de 800 propriedades.
O caso de sucesso do produtor rural de Bandeirantes, Waldemar Goldinho, foi apresentado no evento. Há 9 anos ele acreditou no trabalho de assistência técnica, e evoluiu sua produtividade. Ele produzia cerca de 170 litros ao dia e atualmente ultrapassa os 1000 litros de leite. Referindo-se a hectare ao ano, a propriedade saltou de 1000 litros, para 7000, apenas ajustando algumas questões de manejo.
“Isso mostra que é possível, com ferramentas que os produtores já possuem em suas propriedades, gerar receita e viver da pecuária leiteira”, afirma Gastaldello, referindo-se ao caso do senhor Waldemar. O palestrante acrescenta que o cenário poderia ser melhor se não houvesse resistência à inovação por parte dos pecuaristas, e justifica os motivos. “Existe sempre uma resistência, uma vez que várias empresas de várias formas, costumam levar pesadelos em vez de soluções, o que acaba gerando resistência. Outro entrave é a logística, com estradas ruins e propriedades distantes, a indústria acaba tendo de repassar um valor pelo leite, abaixo dos preços de outros estados, principalmente por conta do transporte”, relata.
Como solução para lidar alguns custos o palestrante indica o aumento da produção. “Aumentando a escala de produção conseguimos diluir os custos com transporte, por exemplo, mas também é necessário que o Governo interfira com as melhorias possíveis para que avancemos no escoamento da produção”, enfatiza Gastaldello.
Pedidos ao Governo do Estado de MS
O diretor do Sindicato Rural de Campo Grande, Wilson Igi, solicitou ao Governo do Estado de MS, alguns critérios para que a pecuária leiteira se torne mais competitiva. Entre as solicitações ele reforçou a necessidade de diminuição do ICMS para o leite a granel e produtos industrializados, com o objetivo de viabilizar a comercialização interestadual. “Precisamos também da ampliação do número de propriedades assistidas pela assistência técnica gratuita, de estímulo à indústria para diversificação do mix de produtos e que sejam estimuladas também quanto a elaboração do contrato de compra e venda do leite”, afirmou Igi. Ele acrescenta ainda o benefício que traria aos produtores a isenção do ICMS da energia elétrica nas propriedades que se dedicam à produção de leite.
O secretário adjunto da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Ricardo Senna, que no ato representou o Governador Reinaldo Azambuja, conhecedor do nível em que estão elevados os debates com relação ao ICMS entre o setor e o Estado, comprometeu-se em interferir positivamente para que sejam aceleradas as tratativas, considerando da produção de leite para o Estado.
O 20º Encontro Técnico do Leite contou com o patrocínio do Sistema OCB/MS, Banco do Brasil, Sistema Famasul, Sebrae, Tortuga | DSM, J.A. Saúde Animal, Silems e Real H.
Diego Silva - Agro Agência Assessoria