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"É preciso aumentar a tecnologia empregada na pecuária", esclarece palestrante da ExpoGrande

/ AGRICULTURA

Mesmo produzindo metade do rebanho brasileiro, os Estados Unidos produzem mais carne que o Brasil e isso se deve à gestão e tecnologia empregada por eles. A afirmação do palestrante Roberto Barcellos, foi direcionada a dezenas de pecuaristas que participaram da Showpec, circuito de palestras que ocorre durante a ExpoGrande, realizada pela Acrissul e Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho.

 

“Precisamos melhor genética, nutrição, sanidade, manejo, aumentar a lotação das pastagens. E temos condição de produzir, aumentando a eficiência biológica e a conversão, diminuindo mortalidade. A necessidade existe, precisamos produzir 40% a mais de carne no mundo até 2050. Isso significa que precisa nascer no mundo, 700 milhões a mais de bezerros. E enquanto enxergamos diversos países pisando no freio, seja por questões climáticas ou outras questões, verificamos um potencial enorme, com tecnologia que Deus nos deu, a partir da integração lavoura-pecuária”, explica o palestrante.

 

Outro desafio apontado pelo palestrante é a escala de produção. Segundo ele ainda não há um padrão. “A carne que o açougue recebe essa semana é diferente da carne que ele vai receber na próxima semana e com isso não conseguimos acesso à qualidade e padronização. Esse pode ser um dos principais problemas da pecuária brasileira, a heterogeneidade”, pontua Barcellos.

 

Em contrapartida, ele esclarece que a qualidade da carne brasileira atual, não era imaginada há uma década, quando a Argentina e Uruguai superavam. “Hoje pego carnes do Brasil e me impressiono com a qualidade. A carne da Argentina hoje, nas boutiques de carne, pode passar vergonha. E isso aconteceu pelo uso de tecnologia. Mas é preciso que o produtor rural entenda que a tecnologia que uso para ser um grande produtor de comodities, talvez não seja a mesma necessária para produzir qualidade. É uma pecuária de futuro e não do futuro. Não consigo mais dissociar a pecuária ao uso de tecnologia. Acabou a fase da fazenda ser uma reserva ou um caixa dois. Ou ela produz ou passará a ser um espaço de reforma agrária familiar”, destaca o palestrante da Showpec.

 

Segundo Barcellos o pecuarista brasileiro se dedica anualmente à busca por uma melhor genética, melhor estratégia nutricional e as projeções mostram que o produtor rural continuará produzindo mais, carcaças mais pesadas, com fêmeas entrando em reprodução cada vez mais cedo, com o grande benefício de aumentar o volume de animais por hectare, mostrando um caminho a ser percorrido pela pecuária.

 

Para o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Alessandro Coelho, de fato há um caminho a ser trilhado para avançarmos no volume e qualidade, mas as alternativas de solução passam também pela base. “O produtor pode se atentar no momento nas áreas de pastagens degradadas. Por mais que tenha uma genética super apurada, se não tiver mais qualidade de pasto, mais qualidade de nutrientes, uma cria e recria melhor, não conseguimos um produto melhor dentro de um prazo razoável. É todo um trabalho dentro de uma cadeia, mas temos um grande potencial para atingir a qualidade esperada”.

 

As palestras da Showpec, durante a Expogrande 2023, seguem até o dia 22 de abril, com temas ligados à suinocultura, ovinos, bovinocultura de corte, pecuária leiteira, integração, rota bioceânica e outros.