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Pesquisas mostram que Integração Lavoura-Pecuária é viável na região do Bolsão

/ PECUÁRIA

Experiências feitas por oito anos com soja, pastagem e pecuáriia, demonstram números que impressionam: uma média de 50 sacas de soja por hectare e 20 arrobas de carne (sem carcaça) por hectare, sendo a referência de pastagem, num comparativos anteriores a implantação do ILP

Por possuir solo arenoso e chuvas distribuídas durante o ano de forma irregular, a Costa Leste de Mato Grosso do Sul, mais conhecida como região do Bolsão, não é vista com bons olhos pelos produtores rurais, acreditando-se que seria impossível implantar a agricultura na Região. Porém, experiências feitas por oito anos com soja, pastagem e pecuária, por profissionais de instituições de pesquisa e de universidades, como Embrapa e Unesp, demonstram números que impressionam: uma média de 50 sacas de soja por hectare e 20 arrobas de carne (sem carcaça) por hectare, sendo a referência de pastagem, num comparativos anteriores a implantação do ILP, (Integração Lavoura-Pecuária), que era de 6 arrobas por hectare.

Isso significa que a agricultura é viável na Região, não sendo necessário abandonar a pecuária, colocando em prática a ILP, batizada de Sistema São Mateus (SSMateus), nome dado por ter experimentos da Embrapa na Fazenda São Mateus. A diferença primordial desse sistema (validado após cinco anos de experimento) é que, ao invés de rotacionar soja-pastagem-soja, o plantio direto é feito realizado pela sequência de soja-pasto-pasto-soja. Porém, antes de implantar a lavoura, é preciso correção química e física do solo e essencialmente formar palhada para o plantio direto da sequência de soja, pasto, novamente pasto e a volta da soja ao solo.

O chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste, o pesquisador Guilherme Asmus, diz que a Região possui grande potencial de desenvolvimento e precisa de estímulo para incentivar outros pecuaristas. “É por isso que a Embrapa está planejando ter um ponto focal em Três Lagoas para colaborar com o desenvolvimento da Região”.

Mateus Arantes, proprietário da Fazenda São Mateus, em Selvíria, MS, foi o primeiro pecuarista a adotar o sistema, estabilizando o sistema em 2007. “Em 2008, a Embrapa chegou com experimento que trouxe novos conhecimentos, que resultou no Sistema São Mateus”, conta Arantes. Segundo ele, atualmente o SSMateus ocupa uma área da Fazenda de aproximadamente 600 hectares – oito anos atrás era de cerca de 150 hectares.

Para Fernando Lamas, secretário de Produção e Agricultura Familiar do governo de Mato Grosso do Sul, a Integração Lavoura-Pecuária é uma das soluções, dentro do Plano ABC do governo federal, para ocupar de forma produtiva os 9 milhões de hectares de pastagens degradadas em MS. “É uma tecnologia acessível, que pode ser adotada pelos grandes e médios pecuaristas de gado de corte e pelos pequenos produtores de gado de leite e que traz grandes benefícios para toda a sociedade”, afirma.

Cultivares de soja

O pesquisador Carlos Lasaro P. de Melo, da Embrapa Soja (Londrina, PR), lotado na Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), diz que entre as cultivares recomendadas para a Costa Leste estão três desenvolvidas pela Embrapa em parceria com a Fundação Meridional: as convencionais BRS 284 e BRS 317 e a transgênica BRS 359 RR. Duas cultivares recém lançadas estão em processo de validação para a Região: as transgências 388 RR (com tolerância ao herbicida glifosato) e a 1001IPRO, com tecnologia Intacta RR2 PRO, tolerante ao glifosato e controle de um grupo de lagartas.

Chuvas na Região

No período de menor quantidade de chuva, a incidência solar é maior, a temperatura é mais alta, assim como a velocidade do vento. Tudo isso aumenta a evapotronspiração no solo. Entre as recomendações para minimizar as intempéries, estão a formação de palha no sistema para refletir a radiação solar, a escolha de materiais genéticos adaptados de soja e pastagens.


Fonte: Capital News