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Porto Murtinho - Maior volume de fogo das duas últimas décadas, segundo produtores

/ DIVERSOS

Produtores se tornam brigadistas para defender o patrimônio natural e material

 

O município de Porto Murtinho tem sofrido muito com as queimadas este ano. Levantamento feito pelo Sindicato Rural da cidade, junto aos produtores da região, apontam que já foram atingidos cerca de 100 mil hectares de pastagens, sem somar as áreas de vegetação remanescente, áreas de preservação permanente, reservas legais e áreas indígenas.

 

De acordo com os produtores rurais, o fogo já é o maior dos últimos 20 anos, trazendo um prejuízo grande à natureza, à logística do produtor rural e também ao bolso. “Tivemos várias fazendas com 100% da área produtiva e remanescentes queimadas. Alguns focos atingiram pontes de madeira, em estradas vicinais, estas pontes queimaram por completo”, relata o presidente do Sindicato Rural de Porto Murtinho, Romeu Barbosa.

 

Potencializado pelo tempo seco e a estiagem que atingiu Mato Grosso do Sul, os focos de incêndio geralmente começam em beiras de rios e margens de rodovias, se espalhando rapidamente. Um dos principais afetados, os produtores vêm se organizando para fazer o enfrentamento e prevenção das queimadas. 

 

“Tenho certeza de que se não fosse pelo empenho dos produtores rurais o estrago seria muito maior. Somos sempre os primeiros a chegar. É muito comum nessa situação os vizinhos se unirem, enviando homens e máquinas que tem disponível. Como há vários anos não havia incêndios dessa proporção, nem todos estavam preparados, mas fica de lição para criamos estratégias futuras”, explica Barbosa.

 

“Já estamos estudando com nosso corpo jurídico uma forma de pleitearmos o ‘aceiro negro’, que na verdade é um fogo controlado na época que as condições climáticas não são favoráveis a propagação de incêndios. A estratégia seria fazermos este aceiro às margens das rodovias e rios que cortam nosso município, visando não termos combustível para incêndios florestais na época do ano que é mais difícil de combatê-los. De forma mais instantânea, seguimos com a orientação. Temos falado com os produtores, sobre a importância de termos máquinas e equipamentos que auxiliem nesse combate, como abafador, bomba costal, soprador, EPIs e outros”, finaliza o presidente do SRPM.

 

Combate

 

Com a situação crítica do município foi feita uma força tarefa para o controle dos incêndios. Além dos produtores, foram realizadas ações do governo municipal e estadual, como a contratação de empresas de aviões agrícolas e envio de dezenas de bombeiros militares.

 

Queimadas em MS

 

Mato Grosso do Sul já vem sofrendo há bastante tempo com as queimadas na área rural, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente no mês de agosto foram mais de 2.020 focos de incêndio em áreas de vegetação. No acumulado de janeiro, Mato Grosso do Sul já teve 3.910 queimadas. Só na região de Porto Murtinho já foram registrados um total de 1.173 casos em 2021, aumento de 44% em relação ao mesmo período do ano passado.

 

Assim como em Porto Murtinho, em diversos municípios do Estados, dentro e fora do Bioma Pantanal, produtores rurais se dedicam para apagar incêndios. Em menor incidência que no ano passado, produtores de milho, que enfrentaram seca e geadas, tiveram de lidar com as ações preventivas, mas também com a lida direta com o fogo.

 

Neste ano a Aprosoja/MS – Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul, juntamente com a Famasul, solicitou ao Governo do Estado de MS, a contribuição com a prevenção e combate de incêndios em propriedades rurais, principalmente as que se dedicaram ao milho segunda safra, que contam com palhada seca do milho, que representa alto risco para fogo.

 

O Governo de MS atendeu o pedido e publicou dois decretos que declararam situação de emergência em todo Mato Grosso do Sul, por 180 dias: um deles está relacionado à estiagem e o outro aos incêndios florestais em qualquer tipo de vegetação.

 

Com o decreto o Governo facilita a possibilidade de avançar na busca de recursos de curto prazo, para atender emergências, tanto na contratação de brigadistas, de equipamentos de curto prazo necessários para isso, combustível, mais voos de aeronaves que serão necessários.

 

Wesley Alexandre - Agro Agência