Pular para o conteúdo principal

Problemas com a mobilidade urbana

/ DIVERSOS

Problemas com a mobilidade urbana 

                                                                                                   Waldir Guerra *

 

Todas as cidades brasileiras têm hoje problemas com a mobilidade urbana. A população aumenta ano a ano; as cidades vão espichando pros lados; o trânsito nas ruas cresce sem parar; as administrações municipais estão perdidas e não sabem como resolver o problema.

Essa questão é velha, mas agravou-se muito nesses últimos anos e foi por conta do aumento dos automóveis nas ruas. Agora, se esse aumento no número de automóveis foi por causa de uma renda maior dos brasileiros que estariam subindo da classe D para C e por isso estariam comprando carros, isso já não vem ao caso. A verdade é que as ruas das cidades e também as estradas brasileiras estão entupidas e, benza-deus, parece que até o governo se deu conta disso. As capitais têm, nos horários de pico, engarrafamentos diários que já se tornaram cansativos de ser vistos todos os dias pelas TVs.

Foi bonito o gesto e a gentileza que o presidente Lula fez para com seus ex-colegas de trabalho, os metalúrgicos, isentando do imposto (IPI) os automóveis. Esse estímulo, somado ao bom momento da economia no Brasil fez as vendas de carros explodirem e dezenas de fábricas vieram se instalar aqui. Uma verdadeira festa para milhões de brasileiros que sonharam comprar um automóvel.

Mas se o presidente Lula não tivesse sido metalúrgico, possivelmente sua decisão teria sido outra. Poderia manter o IPI nos automóveis, por exemplo, e aplicar toda essa arrecadação, que já se foi pro bolso da indústria automobilística – toda estrangeira – em melhorar o transporte coletivo. Por exemplo: mais trens urbanos, especialmente os VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) que estão dando certo na Europa e muitos outros países.

No inicio deste artigo disse que as cidades estão crescendo pros lados e abrindo novos bairros. Algumas não têm mais como fazer isso; é o que acontece com Balneario Camboriu que cresce para cima, pois têm o mar pela frente e morros atrás.

Além dos engarrafamentos de veículos, o congestionamento agora é humano porque a cidade não para de construir novos edifícios. Em Balneario Camboriu onde há um terreninho qualquer brota daí mais um arranha-céu. Agora uma construtora está lançando o maior edifício da América do Sul com mais de 60 andares. Um despautério!  

Neste último fim de ano faltou água e sobrou esgoto; foi um sufoco para a administração municipal que de agora em diante se verá forçada a frear a ganância das construtoras.

Balneario Camboriu que é uma das pioneiras em dar preferência aos pedestres em detrimento dos veículos, agora criou uma ciclo-faixa na orla da praia. Assim, onde havia uma faixa para estacionamento de veículos, hoje é uma faixa para ciclistas. Houve ranço de muitos, mas a população gostou tanto que usa essa faixa, inclusive, como pista para caminhadas, dada suas boas condições de piso bem regular.

Os balneocamboriuenses (perdoem-me, mas é isso mesmo) e estou me referindo aos moradores da mais bela praia do Sul do Brasil, hoje aguardam ansiosos, pois com o sucesso da ciclo-faixa agora o atual prefeito tem cacife para bancar um jogo mais forte: ampliar a faixa de areia na praia. O “engordamento” como se diz aqui.

Esse “engordamento”, além de propiciar mais formas de lazer, ainda abriria a possibilidade de ampliar uma canalização maior, subterrânea, de água potável e também do esgoto que são os dois maiores problemas desta cidade. Aliás, esses dois problemas, hoje, aqui como em todas as cidades brasileiras, são ainda maiores que a mobilidade urbana que tanto nos incomoda.

 

* Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador em Pato Branco-PR e secretário do Estado e deputado federal em Mato Grosso do Sul. E-mail: wguerra@terra.com.br