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Um olhar sobre o agronegócio em 2023

/ DIVERSOS

Nos últimos meses a sociedade brasileira logrou uma série de discussões acerca do que poderemos esperar para o futuro do país. Até o fim do segundo turno das eleições, no ano passado, o país se dividiu vorazmente entre duas visões de mundo, resumidas sinteticamente aqui em conservadoras e progressistas.

 

Em meio a todos os amparos que envolvem essa dinâmica, se reproduz o agronegócio, um setor fundamentalmente importante para o desenvolvimento do país, palco da cultura e da economia da nação, respeitado e profundamente conhecido entre os diversos países do mundo pelo seu vigor.

 

Ao longo de seu desenvolvimento, o agronegócio, ao passo que desenvolvia o país, engajou-se na política e organizou-se em instituições para fazer frente aos problemas que atravancam o setor. 

 

Ao projetar o futuro do setor produtivo, o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho - SRCG, Staney Barbosa Melo, destacou a crescente que o agro teve nos últimos anos através de políticas e incentivos do governo federal.

 

“O governo Bolsonaro colocou o agronegócio em posição de destaque em nossa sociedade. Mais do que vantagens econômicas imediatas, Bolsonaro conseguiu unificar setores que antes não conversavam, ajudando a diluir parte importante dos conflitos no campo, em especial, por aproximar e integrar a agricultura familiar nos moldes do agronegócio como conhecemos. Por esta e por outras razões é perfeitamente compreensível a sensibilidade de boa parte dos produtores rurais com a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado. Fato é que existia até então um projeto de futuro para o agronegócio, que envolvia um maior engajamento econômico dos mercados agrícolas com o restante do mundo, e esse projeto, com a vitória do Lula, ficou incerto”, explicou.

 

Sobre o novo comando da pasta Agricultura e Pecuária, o economista vê como um aceno positivo para desenvolvimento da agropecuária nacional.

 

“Vejo com bons olhos o aceno da escolha de Carlos Fávaro como Ministro da Agricultura do novo governo. Em diversos discursos o saudoso ministro continuamente reforçou compromissos importantes com o desenvolvimento do setor, como o fortalecimento da Embrapa e de suas tecnologias, apoio as políticas públicas de financiamento e crédito rural, combate à fome, recuperação de áreas degradadas, combate ao desmatamento ilegal, entre outras pautas que são de interesse convergente de todos os lados da referida disputa. Esse contexto, caso se mantenha, se alinhado com as oportunidades existentes no mercado externo, certamente trará desenvolvimento e prosperidade para o agronegócio e bem estar para a nossa população. Restam, no entanto, desafios e questões que precisam ser tratadas pelo público e pelo privado. Para além da política, o setor enfrenta problemas com os custos de produção, demanda interna insuficiente para proferir preços que cubram os custos e até mesmo o fantasma da inflação, que apesar de controlada no Brasil, pode sim afetar o agronegócio. Afinal, os custos do agronegócio estão cada vez mais dolarizados e a estrutura para produzir insumos locais ainda é incipiente”, concluiu.

 

Projeções

 

Em relação aos números do setor, recentemente a revista Forbes fez algumas previsões para 2023. Segundo a revista, o PIB Agro deverá crescer cerca de 2,5% este ano, uma projeção bem mais otimista do que os 0,75% estimados para o crescimento do PIB do país, haja vista que os problemas enfrentados em 2021 (estiagem e custos dos fertilizantes) não deverão pressionar tanto as margens do produtor rural este ano. 

 

Outra boa notícia são as projeções feitas pelo Mapa para o VBP. O órgão estima uma alta superior a 6% em relação a 2022. Na agricultura, o aumento deverá ser de 7,4%, já a pecuária deverá fechar o ano de 2023 com 3% de aumento.

 

A Forbes ressalta também uma menor preocupação com a inflação interna no preço dos alimentos, que limita a capacidade de consumo das famílias, afetando a demanda, os estoques e consequentemente as margens econômicas do setor. O Banco Mundial projeta também uma deflação de 4,5% no preço médio das commodities em 2023, ao passo que em 2022 houve aumento de 13,4%.

 

No campo da produção de grãos, em particular da soja, a tendência segue em crescimento. As estimativas da Conab apontam para um aumento de 4,7% na área da soja, incríveis 16,1% na produtividade e formidáveis 21,6% de aumento na produção da oleaginosa no país.  Tudo indica que sairemos de uma produção de 125,5 milhões de toneladas na safra 2021/22 para algo próximo de 152,7 milhões de toneladas este ano. 

 

Considerando toda a produção agrícola da safra que se inicia, o Brasil deverá fechar 2023 com uma produção superior a 300 milhões de toneladas de grãos, representando um aumento da 15,1% frente as 260 milhões de toneladas produzidas na safra 2021/22.