Pular para o conteúdo principal

Arroba do boi: Como lidar com a alta no preço e a queda de estoque?

/ DIVERSOS

O cenário em que a pecuária está passando demonstra a recuperação de um mercado. A arroba que sinaliza cerca de R$ 200 em Mato Grosso do Sul deve sim ser comemorada, mas com um sinal amarelo para aqueles que conseguiram permanecer na atividade, após o longo período de recessão e preços abaixo do custo de produção. Temos uma oferta restrita de animais e os pecuaristas precisam de estratégia para administrar seu rebanho neste momento.

 

Reter animais pensando em uma remuneração ainda maior nas próximas semanas, talvez não seja o mais indicado, levando em consideração que esse mercado deve se estabilizar em meados de fevereiro de 2020. Na hora de colocar os números no papel precisamos somar a recessão dos últimos anos  aos custos de produção que subiram junto com a arroba, chegando ao resultado de uma margem ainda modesta.

 

Nessa conta também precisamos levar em consideração o clima que prejudicou um percentual dos pastos, dividindo espaço com o milho e soja, que seguem o mesmo embalo de alta, isso encarece a nutrição animal e exige cada vez mais gestão da porteira para dentro, para que não sejamos surpreendidos, levando em consideração apenas a arroba atual, mas todo o contexto e estrutura mercadológica.

 

Essa falta de animais tem apresentado um mercado inédito, em que algumas vezes o produtor rural consegue agregar valor ao seu rebanho, o que não, necessariamente, significa lucros maiores, justamente pelos custo elevados.

 

Ainda convém ressaltar que o atraso no plantio da soja em MS, estimulado pela estiagem, prejudica a safra de inverno, quando se regula os estoques de milho. Pelo panorama atual, o custo dos insumos das proteínas animais continuarão em alta durante o ano que vem.

 

Há também uma série de aberturas de mercado em andamento, graças ao empenho da líder do Mapa, Tereza Cristina, mas isso só refletirá de forma significativa, a partir de 2020.

 

O que precisa ficar muito claro nesse mercado da proteína vermelha é que estamos todos do mesmo lado e conectados. A valorização ao pecuarista é um movimento natural de mercado, reflexo do apetite interno e externo, junto da escassez de animais. Isso precifica também a indústria, causando um impacto aos pequenos e grandes frigoríficos que acabam por manter parte da sua capacidade de abate ociosa, e logo, consequência aos atacadistas e supermercados, que precisam desembolsar mais para comprar da indústria. De forma automática os custos são divididos com o consumidor final, que até meados de 2020 deverá desembolsar mais no quilo da carne bovina.

 

O estoque está enxuto na fazenda, no frigorífico e na gôndola. O momento agora é de gestão, estratégia e trabalho, que tenha como consequência o avanços dos rebanhos, para que possamos atender o que os mercados exigem de nós, carne em abundância e qualidade. Visto isso, o que podemos dizer aos representantes do executivo e legislativo? Na perspectiva social, definitivamente, esse não é o melhor momento para aumento de impostos.

 

Alessandro Coelho – Pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho.