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Biossegurança: o que a indústria ensinou à pandemia e como a suinocultura avança em MS

/ DIVERSOS

Muito antes da pandemia da Covid-19, que ensinou à população protocolos rígidos sanitários, como o não compartilhamento de objetos pessoais, a higienização das mãos com o álcool e o uso de máscaras, a indústria de proteína animal já aplicava, de forma severa, os conceitos de biossegurança, dentro e fora das plantas frigoríficas. A finalidade desses procedimentos adotados pelos colaboradores fabris, é evitar a entrada de agentes infecciosos nos alimentos, mitigando o risco de contato com vírus, bactérias, fungos e parasitas.

 

Na suinocultura sul-mato-grossense, por exemplo, mais de 90% das propriedades rurais operam no sistema de dependência das indústrias. Isso significa que, além de orientar, capacitar e fiscalizar os processos de biossegurança, a própria indústria é que fornece os leitões que irão se desenvolver na fazenda, as medicações necessárias e a ração. Na sequência, ela ainda transporta os animais para suas sedes, e dão sequência ao processo, que finalizará com a proteína animal nas gôndolas dos supermercados.

 

“Esse processo de responder pela biossegurança da proteína animal, faz com que a indústria tenha disciplina, desde as fazendas até os supermercados. Isso facilitou, de certa forma, a adaptação dos profissionais ao cotidiano de uma pandemia, uma vez que já praticam quarentena e já estão habituados às práticas sanitárias, inclusive àquelas que vieram para ficar, como o uso do álcool em gel”, explica o presidente da Asumas – Associação Sul-mato-grossense de Suinocultores, Alessandro Boigues.

 

Para o coordenador do projeto de encadeamento produtivo da Aurora Alimentos, Joel José Pinto, a iniciativa eleva o nível de qualidade de vida das famílias, ao tornar seus negócios mais rentáveis. “Queremos que esse produto que vai sair da empresa do produtor seja de alta qualidade, para levarmos para qualquer lugar do mundo. O encadeamento produtivo visa fortalecer essa cadeia como um todo, até chegar na mesa do consumidor final”, destaca.

 

A soma do comportamento do mercado internacional com a tradição de procedimentos sanitários positivos em Mato Grosso do Sul, fizeram com que a suinocultura aproveitasse a pandemia para evoluir de forma considerável. No momento, o setor ocupa o 6º no ranking nacional de exportação de carne suína.

 

Atualmente a cadeia da suinocultura é responsável por 16 mil empregos e produção estimada em R$ 16 bilhões. São 74,6 mil matrizes distribuídas em 34 propriedades no Estado (dedicadas à produção de matrizes), que contam com a vantagem da disponibilidade de grãos de qualidade para a preparação de ração. A produção vem em evolução constante, com crescimento de 128% em 10 anos e aumento de 131% nos abates no mesmo período, segundo a Semagro – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar.

 

A indústria da JBS/Seara de Dourados trabalha para elevar a capacidade de abate diário de suínos de 5 mil para 10 mil cabeças. Isso demandará investimentos na ordem de R$ 1 bilhão, e acarretará na geração de até 2 mil empregos diretos.

 

Dourados – A granja Nossa Senhora Aparecida, instalada em Dourados, é a primeira do país a alimentar os mais de 10 mil animais alojados com ração líquida em um ambiente que reúne todas as tecnologias disponíveis no mundo para o setor.

 

A granja dos produtores Osmar Rodrigues Caires e Walter de Fátima Pereira conta com investimento de R$ 9 milhões financiados via FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste). A granja foi inaugurada em março de 2021.

 

Sidrolândia – A cooperativa Cooperalfa confirmou neste mês de setembro de 2021, a instalação de uma unidade produtora de leitões em Sidrolândia, um investimento direto de R$ 100 milhões, com geração de 100 empregos diretos.

 

Rio Verde de Mato Grosso – A Cooasgo e a Agroceres, já conta com uma área construída de 40,5 mil m² em Rio Verde de MT e terá produção anual de mais de 40 mil matrizes por ano. A previsão é de ter 1,5 mil fêmeas por semana para reprodução, somando 78 mil por ano. Em funcionamento pleno, o complexo vai produzir 90 mil machos por ano para abate e gerar 42 empregos diretos e 210 indiretos. A projeção é de que a economia local tenha um incremento mensal de R$ 145 mil, além da movimentação de outros setores.

 

 

Brasilândia – A família do produtor rural Arthur Höfig, da SF Agropecuária, investe na ampliação das granjas e passa a responder por 270 empregos. Segundo a Asumas, a cada emprego direto, são gerados 16 indiretos, o que acusa uma soma de 3.330 empregos ao todo. A propriedade rural do senhor Arthur, hoje responde por 1/3 dos impostos gerados em Brasilândia.

 

“Mato Grosso do Sul desenha um projeto diferente, formado pela parceria do Governo, produtores, cooperativas, associações e indústria, a favor de um avanço, que não teve reflexos mínimos da pandemia. Muito disso se deve ao perfil da cadeia suinícola, mas são somados à ciência e tecnologias que nos ajudam, junto às oportunidades de mercado,” finaliza o presidente da Asumas, Alessandro Boigues, ao destacar que biossegurança não é uma exclusividade para momento de pandemia e que se tratam de ações diárias do complexo industrial e produtivo.

 

Diego Silva/ Agro Agência