Brasil deve triplicar as exportações de aves para a Rússia

Em agosto, a Rússia anunciou o embargo, durante um ano, a produtos alimentares da Europa e Estados Unidos. A decisão foi uma resposta às sanções devido à crise na Ucrânia. A habilitação de diversas plantas pelos russos surpreendeu os empresários brasileiros, que agora querem aproveitar a chance e aumentar as vendas para o país. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, agora é o momento de fidelizar o cliente.

– Sem dúvida foi uma notícia maravilhosa e até impensável para nós, pois estávamos convivendo com um comportamento muito instável da Rússia. Agora é hora de aproveitar o momento, não se iludir, tem um tempo limitado e envolve muita coisa. A diplomacia deve durar um tempo, mas não é tanto. Se conquistarmos o cliente, não perderemos tudo e com certeza vai sobrar para gente um bom número de clientes. O Brasil tem muita qualidade e consumidor russo adora a carne de frango brasileira – diz.

O embargo russo, anunciado no começo do mês, suspendeu a compra de produtos dos EUA, União Europeia, Canadá, Austrália e Noruega. o gesto foi uma resposta às sanções da Europa e dos EUA envolvendo a anexação da Criméia. por aqui, a mudança deve beneficiar mais o mercado de aves, já que não há muita oferta de suínos para exportação.

– Na verdade o Brasil poderá atender ao longo de um ano mais 150 mil toneladas de carne de frango, independente de 60 mil que exportamos ao natural agora. E vai atender ao longo de um ano, 200 mil toneladas de carne suína. Houve uma crise muito forte no setor suíno e não houve investimento e nem mesmo o produtor ficou entusiasmado com a atividade, pois estava perdendo. A razão disso tudo é justamente a instabilidade do mercado russo que concentrava mais de 50% das importações, e repentinamente desabilitou muitas plantas e comprou menos e não havia outro comprador. Diferente agora, o cenário é outro: já abrimos para EUA, Europa, agora México e Coréia do Sul – salientou Turra.

A Rússia importa por ano 540 mil toneladas de frango, em média, 45 a 50 mil toneladas vêm do Brasil. Neste novo cenário, a expectativa é triplicar as exportações, fato que deve elevar os preços no mercado interno.

– O preço interno do frango está muito baixo, se crescer um pouco vai ser uma necessidade da cadeia como um todo. Está havendo uma movimentação muito tênue. Em suínos já tinha havido uma recuperação muito boa que sempre é bem vinda – conclui Turra.