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Com arroba a R$ 200, sindicato cria estratégia para intermediar vendas

/ AGRICULTURA

Com o preço da arroba do boi chegando a ficar abaixo dos R$ 200 em Mato Grosso do Sul na última semana, o Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) está montando uma estratégia para ajudar o produtor rural e intermediar as negociações de vendas de gado com os frigoríficos. 

 

O intuito é fomentar a cadeia produtiva do setor pecuário e facilitar a negociação. O presidente do SRCG, Alessandro Coelho, detalha que o método consiste em localizar o gado disponível no mercado e facilitar o acesso a esses animais pelos frigoríficos, o que fará com o que o mercado siga de forma mais dinâmica e com vantagens ao produtor, na tentativa de alcançar valores maiores.

 

“Não é uma ação para um segmento específico, como as entidades que administram apenas gado jovem ou de determinada região, é para todos os criadores que tenham gado que precisa ser enviado ao abate”, destaca.

Coelho ainda ressalta que as tratativas devem ocorrer por meio do diálogo com os frigoríficos que tiverem interesse em participar. “A pecuária está perdendo força no Estado, e, por isso, abrimos essa conversa. Essa crise abriu o sentimento do produtor sobre a possibilidade de se organizar em cooperativas”, diz o presidente do SRCG.

 

Na prática, a ideia é reduzir a oferta de animais disponíveis para que os preços subam com a pressão do mercado. Hoje, a maior justificativa para os preços baixos pagos aos produtores é a grande oferta de bovinos.

 

O representante do sindicato pontua ainda que, apesar da necessidade de os pecuaristas serem mais unidos em MS, esse ainda não é o objetivo da campanha. “Verificamos que as poucas cooperativas que existem ligadas à pecuária estão buscando se reerguer”, relata.

 

A dinâmica da ação será o contato direto com o produtor e com a indústria para agir como um facilitador na busca por boi disponível.

 

“O SRCG tem conversado com algumas instituições parceiras e já fechou parceria com a Acrissul, a fim de acessar o máximo de produtores possível. Foi alinhado com o presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, que vamos buscar e facilitar a conversa com a indústria sobre todo o gado disponível para abate até dezembro deste ano”, conclui Coelho.

 

O dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a pecuária estadual apontam que o rebanho bovino em Mato Grosso do Sul continua encolhendo. Em 2021, o número de cabeças chegou a 18,60 milhões, de um rebanho que já foi de 24,98 milhões de cabeças, em 2003, e de 19,02 milhões, em 2019.

 

ARROBA

No início da cadeia produtiva, o valor pago ao produtor rural vem diminuindo há um bom tempo em Mato Grosso do Sul. Despencando mesmo com os custos da produção subindo, a arroba do gado acumula perdas após atingir o pico e ser comercializada acima de R$ 300.

 

Segundo dados da Granos Corretora, houve um decréscimo de 35,45% no preço da arroba do boi gordo no intervalo entre dezembro de 2022 e setembro deste ano. No fim do ano passado, a arroba do animal era comercializada a R$ 304 no mercado físico local, enquanto nesta semana o preço médio era de R$ 204,36. A arroba da vaca gorda apresentou queda de 21,45% no mesmo período comparativo, saindo de R$ 244,50 para R$ 192,05.

 

Como explicou o economista Eduardo Matos, na edição de sábado e domingo do Correio do Estado, o produtor tem sido onerado com altos custos e tido baixo retorno.

 

“Devemos frisar que nesse mercado quem precifica não é o produtor, e sim o frigorífico. Dessa forma, o frigorífico deu um preço mais baixo por notar que estava vendendo menos, e o produtor poderia escolher entre vender ou segurar o rebanho, o que implicaria em encarecer mais seu custo de produção e correr o risco de ter de vender ainda mais barato no futuro”.

 

Para Matos, caso ocorra queda nos custos produtivos, será possível ver um preço mais baixo ainda este ano. “Se isso não ocorrer, é possível que o preço suba um pouco, pois já existe uma pressão dos pecuaristas por uma valorização da arroba”.

 

O boletim da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) aponta que a arroba do boi chegou a bater R$ 308 em abril do ano passado. 

 

Ainda de acordo com o boletim, no momento de seca, que geralmente é de baixa oferta de animais e valorização da arroba, há uma alta oferta de gado e, consequentemente, queda nos preços pagos aos produtores.

 

“A demanda não apresentou desempenho capaz de anular os efeitos da oferta de animais prontos para abate, que, historicamente, costuma ser mais abundante no encerramento da safra. No comparativo anual, os preços em 2023 estão ainda mais depreciados. Efeito claro da oferta expressiva de animais, em especial do maior número de fêmeas”, detalha o informativo.