Comunicação entre insetos para monitorar e controlar pragas agrícolas
O Dia de Campo na TV vai mostrar uma tecnologia inovadora e saudável para o controle de percevejos-praga da soja no Brasil que foi desenvolvida com base na observação do comportamento dos insetos na natureza. Ao se comunicarem para vários fins, como alimentação, demarcação de território, presença de predadores e reprodução, entre outros, eles emitem substâncias químicas chamadas semioquímicos. Quando ocorrem dentro da mesma espécie, esses sinais químicos – que podem ser cheiros ou sons – são denominados feromônios. Os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia perceberam que poderiam utilizar esse conhecimento para monitorar e controlar as populações de percevejos que atuam como pragas nas lavouras de soja no Brasil.
Na década de 90, a equipe, capitaneada pelo pesquisador Miguel Borges, iniciou a criação dos insetos em laboratório, de forma a reproduzir as condições existentes na natureza e extrair os feromônios, especialmente os sexuais. Os feromônios extraídos são colocados em armadilhas nas lavouras para "enganar" os percevejos, impedindo a sua reprodução. Paralelamente, os cientistas investem também em pesquisas com vespas parasitoides de ovos que atuam como inimigos naturais dos percevejos.
No momento, os estudos da Embrapa estão mais direcionados para o complexo de percevejos-praga da soja, que inclui: o percevejo verde (Nezara viridula); o percevejo pequeno verde (Piezodorus guildinii) e o marrom (Euschistus heros). Essas pragas são as mais nocivas a cultura da soja no Brasil, causando danos desde a fase de formação das vagens até o final do desenvolvimento das sementes. Para Borges, o controle biológico de pragas da soja no Brasil é urgente, pela importância da cultura para o País, que hoje é o segundo maior produtor mundial, com uma produção de cerca de 60 milhões de toneladas. Mas, os estudos com feromônios já estão sendo estendidos para outras pragas agrícolas, como a broca do cupuaçu e o percevejo do colmo do arroz (Tibraca limbativentris). O pesquisador explica que os semioquímicos ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os inseticidas bacterianos e os botânicos. No Brasil, o mercado de semioquímicos está em franca expansão, com mais de 15 produtos registrados e outros em fase de registro.
A Embrapa está investindo na transferência dessas tecnologias ao setor produtivo, a partir de parcerias com empresas privadas para o desenvolvimento de armadilhas em larga escala. O objetivo é disponibilizar ao setor produtivo da soja metodologias de monitoramento dos percevejos, baseadas na utilização de armadilhas iscadas com feromônios que auxiliem os produtores a adotarem técnicas de manejo que aumentem a eficiência do controle.
O Dia de Campo na TV Comunicação entre insetos para monitorar e controlar pragas agrícolas foi produzido pela Embrapa Informação Tecnológica em parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Fonte: Embrapa