Começa nesta terça-feira (10) o trabalho de um grupo que terá a missão de apresentar em 60 dias uma avaliação sobre o valor de mercado (terra nua e benfeitorias) das 31 fazendas situadas entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, que o Governo Federal assumiu o compromisso de comprar e transformar em área da Reserva Indígena Buriti.
Há muitas dúvidas sobre a viabilidade do negócio que pelo formato anunciado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, será uma triangulação envolvendo o Governo do Estado. Serão emitidos TDAS (Títulos da Dívida Agrária) no valor correspondente a indenização para o Estado trocar no mercado e transformar no dinheiro a ser repassado aos fazendeiros. As TDAS seriam o pagamento a Mato Grosso do Sul por áreas públicas cedidas à União para serem usadas na reforma agrária.
O levantamento será feito por um grupo de trabalho, formado por técnicos da Agraer (Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário) e da SPU (Secretaria do Patrimônio da União), que fará os estudos para definir o valor da indenização das terras que os terena reivindicam como terra indígena Buriti.
O começo do levantamento foi definido em reunião realizada ontem, segunda-feira, no Centro de Múltiplo Uso da Secretaria Municipal de Assistência Social, que reuniu produtores rurais, índios e os representantes da Agraer, Humberto Maciel, da SPU, Carlos Pussolli Neto, e da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), Marco Aurélio Tosta. O trabalho de campo começa na próxima segunda-feira (16), quando os técnicos visitarão as propriedades. No caso, por exemplo, da Fazenda Buriti, onde houve o conflito entre índios e policiais federais que resultou na morte do terena Oziel Gabriel Alves, as benfeitorias foram destruídas pelos índios durante o processo de ocupação. A dúvida é como estas benfeitorias serão avaliadas.
Índios e produtores rurais estão céticos sobre os resultados do trabalho do grupo criado pela presidente Dilma Roussff (PT) para solucionar o problema da luta pela terra na Reserva Buriti. Jânio Geraldo, representante dos índios, disse que o grupo está cansado de enrolação da União.
No entanto, eles não querem mais a morte de nenhum indígena na luta pela terra, como aconteceu com Oziel Gabriel, em maio deste ano, quando houve confronto com a polícia durante a desocupação. Já os produtores temem a falta de dinheiro pelo Governo federal, como foi apresentado pelo produtor rural Lincon Curado. Os índios ameaçam bloquear a BR-163, entre Campo Grande e Bandeirantes, caso a situação não chegue a uma resolução definitiva.