MS deve colher 10 milhões de toneladas de soja
Os agricultores de Mato Grosso do Sul se preparam para atingir um novo recorde na colheita. Depois de surpreenderem com a safrinha passada batendo recorde na produção do milho, com 12 milhões de toneladas, a colheita em andamento da soja espera superar pela primeira vez a marca dos 10 milhões de toneladas da oleaginosa.
“Certamente os números vão se consolidar pela eficiência do agricultor sul-mato-grossense e pela pesquisa empregada nas propriedades rurais. Um dos diferenciais de Mato Grosso do Sul, são as porteiras abertas para a pesquisa, que justificam a evolução ano a ano. Mesmo com a estiagem nos primeiros meses do plantio, o agricultor soube o momento certo de semear e o desenvolvimento das plantas foi excelente. Certeza de boa safra”, aponta o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Alessandro Coelho, ao lembrar que, só na região de Campo Grande, houve avanço de 20% na área dedicada à soja.
Apesar da estimativa de 9,9 milhões de toneladas estimados pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), o recorde de 10 milhões foi chancelado pelo governador do estado, Reinaldo Azambuja, durante a abertura oficial da Showtec 2020.
Desde o plantio, a expectativa da Associação foi de produtividade média de 52 sacas por hectares, mas as primeiras colheitas já apontam para números mais otimistas. “Temos rodado muito a campo, desde o início do ano os técnicos têm percebido muitas áreas de abertura de soja, o que confirma os 6% a mais de abertura de áreas, número que ainda pode ser superado. E com isso podemos, sim, atingir até 10 milhões de toneladas”, explica o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi.
Segundo ele, depois da estiagem nos primeiros meses de plantio, os índices pluviométricos normalizaram em novembro, dezembro e janeiro, estimulando o bom desenvolvimento das lavouras.
As temperaturas registradas também contribuíram para o controle preventivo das doenças nas plantas. “O ano mais seco no início, fez com que o produtor conseguisse um controle preventivo das doenças. O produtor está bem armado quanto ao controle de ferrugem e fazendo o protocolo correto. Como não temos um ano em que as chuvas estão muito frequentes e as temperaturas altas, acabamos conseguindo controlar melhor, mas não podemos descuidar”, relata Dobashi.
Sobre a comercialização da soja, até o início de fevereiro, cerca de 50% do volume total previsto para safra já havia sido negociado. “Sempre que estimamos uma safra maior, verificamos uma queda no preço, um movimento normal, mas pelo andamento das comercializações adiantadas, devemos voltar a patamares atrativos”, completa o presidente da Aprosoja/MS.
MILHO SAFRINHA
A colheita da soja em Mato Grosso do Sul, que deve se estender até meados de março, pode impactar na quantidade de milho cultivado, uma vez que o zoneamento previsto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recomenda a semeadura até o dia 10 do mesmo mês. Ao avaliar os riscos, a Aprosoja/MS fez recomendações para aqueles agricultores que optarem, ou não conseguirem, semear o milho dentro da janela indicada.
“A Embrapa divulgou previsão meteorológica, com antecipação de geada, mas como produtor, precisamos lembrar que não é só a estiagem ou a geada que prejudica a produtividade do milho safrinha. Luminosidade, temperatura ao longo do dia e vários outros fatores determinam o zoneamento, que nos permite o plantio até o dia 10 de março”, relatou o presidente.
A Associação destaca aos produtores que devem tomar cuidados ao semear o milho safrinha, aproveitando a soja que está começando a ser colhida, ainda em uma boa janela, e semear o milho ao longo de todo mês de fevereiro. De acordo com a Aprosoja/MS o risco de uma semeadura tardia do milho pode acarretar em prejuízos de alto nível.
A entidade também aponta alternativas para os agricultores que não pretendem arriscar ou que estarão fora da janela de zoneamento. “Uma das recomendações é analisar as áreas onde os produtores têm problema de produtividade, com falta de matéria orgânica e fazer o cultivo de plantas de cobertura. O produtor pode entrar em contato com as fundações de pesquisa estaduais como a Fundação Chapadão e Fundação MS, para entender quais são as melhores plantas de cobertura para cada situação do produtor”, aponta Dobashi.
Entre as recomendações para aqueles que não vão se dedicar ao cultivo de milho, a brachiaria está entre as mais conhecidas. Ela pode tanto ser consorciada com o milho segunda safra, quanto cultivada solteira, gerando resultado para o recondicionamento do solo. A versatilidade dela ainda permite incluir o componente bovino, fazendo a integração lavoura-pecuária, que confere uma grande margem ao produtor.
O consórcio de plantas de cobertura também são apontadas como alternativas, principalmente quando se trata de leguminosas, fixadoras de nitrogênio compactante, como crotalária, que acarreta na supressão de nematoides no solo. “Também recomendamos o trigo mourisco, feijão guandu entre outras plantas de cobertura que podem trazer benefícios muito grandes ao produtor em termos de qualidade de solo.”
Para regiões mais frias, como Ponta Porã, Aral Moreira e Antônio João, o cultivo de cereais de inverno pode ser solução, como trigo e aveia.
Já o sorgo, bastante cultivado na região Norte, é mais explorado para alimentação animal, e tem também valor muito atrativo. O preço pago é inferior ao milho, mas os custos também são. “Essas são algumas das alternativas, mas sugerimos que o produtor sempre procure assistência técnica ou as fundações de pesquisa para tirar as dúvidas sobre essa segunda safra”, recomenda o presidente da Aprosoja/MS.
“Embora esteja com uma janela de milho safrinha bem apertada, o plantio da soja também foi feito de maneira muito rápida, quando tivemos a oportunidade. Então, temos sim a chance de plantar bastante área de milho safrinha. Também não podemos descuidar dos protocolos de sanidade para que a cultura esteja bem sadia e consiga bater mais um recorde de safra, tanto soja, quanto de milho”, finaliza Dobashi.
Texto: Diego Silva/Agro Agência