Multinacional francesa, gigante do setor lácteo, encerra as atividades em MS
Preço pago ao produtor cai 5 centavos após o anúncio
A multinacional francesa, Lactalis, encerrou suas atividades em Mato Grosso do Sul. Entre os motivos apresentados pela empresa, para fechar as portas no Estado, estão a baixa oferta de matéria-prima e a falta de incentivos fiscais. Em reunião no SRCG – Sindicato Rural de Campo Grande, representantes da empresa, no Brasil, reclamaram das dificuldades. O anúncio foi feito esta semana.
A Lactalis assumiu a unidade de Terenos-MS, que fica a 30 km de Campo Grande, em 2014. A negociação foi feita juntamente com a aquisição de outras 10 unidades no país, quando a empresa comprou os ativos lácteos da BRF. A negociação chegou a R$ 1,8 bilhão.
A empresa iniciou as atividades na França em 1933, ainda com o sobrenome de seu fundador, André Besnier. O nome atual, Lactalis passou a ser assinado em 1999. Em poucas décadas a empresa passou a produzir fora da França mantendo unidades espalhadas por dezenas de países. Fechou acordos e comprou grandes marcas até se tornar a maior do mundo do setor lácteo. Atualmente, a empresa é dona de marcas como: Sorrento, Société, Bridel, Président, Rachel's Organic, Valmont, Êlege e Batavo.
Preocupado, o presidente do SRCG, Ruy Fachini Filho, destaca: “é uma perda grande para o Estado, afeta toda a cadeia do leite, atingindo diretamente o setor primário. Precisamos discutir saídas e parcerias para alavancar o setor”.
Preço em queda após anuncio de fechamento
A presidente da Cooplaf - Cooperativa Agrícola Mista da Pecuária de Corte e Leiteira e da Agricultura Familiar de Terenos, Lucilia Rezende, afirma que a empresa já dava sinais de que fecharia as portas. “Nós já tínhamos sentido que a empresa estava com problemas, baixando os preços pagos para a cooperativa, com muita frequência. Desde fevereiro já estávamos reduzindo a quantidade de leite fornecida a Lactalis. Passamos de 15 mil litros de leite por dia, para apenas mil, nas últimas semanas, dando prioridade para outras empresas”, afirma a presidente.
Lucilia vê com preocupação o fechamento, já que a cooperativa havia investido na melhoria de qualidade apostando no desenvolvimento do setor no município. “Desde que a Lactalis anunciou o fechamento, empresas que estavam pagando R$ 1,25 por litro reduziram em 5 centavos o valor. Isso gera instabilidade e faz com que a gente fique refém do mercado. É preciso que o governo tome providências e melhore a política de incentivos para que haja mais estabilidade e competitividade do nosso produto”, afirma.
Captação em queda
Os dados mostram que de 2015 para 2017, a captação caiu de 337.547.027 litros para 269.716.557 litros, o que significa redução de 20% (Fonte: SIPOA/SFA – Superintendências Federais de Agricultura).
Se compararmos os cinco primeiros meses deste ano com o mesmo período do ano passado a baixa é de 14%. O mês de maio, deste ano, registrou a menor captação, no Estado, desde 2011.
Na contramão da realidade de Mato Grosso do Sul, a captação vem aumentando no país. De maio, para junho, por exemplo, subiu 6,81%. O aumento de produção em outros estados ajudou a segurar ainda mais os preços, fazendo com que, mesmo no período de entressafra, o valor pago ao produtor não subisse.
Foto: agromundi.com.br
Fonte: Assessoria de Imprensa do SRCG