Ovinocultura avança no campo e no mercado
O mercado brasileiro de carne ovina mostra-se cada vez mais consistente, refletindo-se claramente no aumento do rebanho ovino nas principais regiões dedicadas à criação de ovelhas, como Nordeste (9,8 milhões de cabeças), Sul (4,88 milhões), Centro-Oeste (1,26 milhão), Sudeste (800 mil cabeças) e Norte (600 mil). As informações das associações das diversas raças são contraditórias, mas, de acordo com o IBGE, considerado um número oficial, o País teria uma rebanho de 17,3 milhões de cabeças, com crescimento anual médio de 3,4%.
Em consequência da crise internacional da lã, substituída pelos fios sintéticos nos anos de 1960, no século passado, o Rio Grande do Sul deixou de ser o maior produtor de ovinos – o rebanho caiu de 13 milhões de cabeças para cerca de 3 milhões. A recuperação só começou nos últimos anos do século XX, com uma espécie de reconversão no campo, a introdução do chamado ovino-carne, destinado à produção de carne, quando o rebanho anterior era de ovino-lã.
Mesmo assim, de acordo com o veterinário José Galdino Garcia Dias, coordenador do programa Mais Ovino no Campo e da Câmara Setorial dos Ovinos, da Secretaria da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, o rebanho produtor de lã ainda é 80% do total, e o composto pelas raças de carne, 20%. Nos últimos anos, o setor laneiro se recompôs, porque o preço do produto, sendo de alta qualidade, recuperou, e até ultrapassou, os melhores preços dos anos de antes de 1960.
A ovinocultura está bem, voltou a ser rentável e está se expandindo como alternativa, também, para pequenas propriedades e consorciamento com outras atividades. O melhor exemplo tem sido dado pela Expointer que, anualmente, registra número expressivo de animais. Nesta 37ª edição, houve uma diminuição de 12,62%, explicada pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) pela falta de melhor infraestrutura no setor de ovinos do Parque Assis Brasil, em Esteio. José Galdino Garcia acrescenta que também está havendo a opção de manter as fêmeas nas fazendas, para aumentar o rebanho, e vender só os machos.
Alguns criadores das raças mais em evidência, como Texel, Ile de France e Corriedale, também temem que uma superoferta baixe os valores de venda nos remates. “Tenho a certeza de que a ovinocultura vive seu melhor momento nos últimos 40 anos,” observa Galdino. O otimismo, segundo ele, é evidenciado pelos números: após quedas sucessivas, em abril de 2010 o rebanho chegou a 3,16 milhões de cabeças. Nos últimos três anos, houve aumento superior a 10%, chegando a 4,2 milhões, em 2014. A lã voltou a ter preços atrativos. A carne ovina possui um mercado muito promissor, com demanda garantida por muitos anos. “Não conseguimos abastecer o mercado interno, e o externo quer comprar e não temos para vender. Os incentivos do governo têm contribuído para a recuperação.”
As estatísticas oficiais são contestadas. Alguns dizem que há mais animais, outros, que há menos. De acordo com o Departamento de Defesa Animais da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), o rebanho gaúcho está em 4,16 milhões de ovinos, sendo mais de 2,5 milhões de fêmeas em idade de reprodução, o que é ótimo para a atividade de criação.
Falta, porém, que criadores se conscientizem sobre a importância de declarar o nascimento correto de cordeiros. Há uma declaração de 980 mil cordeiros, o que é muito baixo em função do número de fêmeas. Galdino explica que os criadores deveriam declarar os cordeiros no mês de novembro, pois, no Rio Grande do Sul, após outubro, não nascem mais cordeiros. Hoje, a declaração é feita em maio, quando o produtor precisa declarar todos os animais na propriedade, e, aí, já vendeu ou abateu muitos.
Fonte: Jornal do Comércio