Pecuária natural termina bezerros com 11 meses no Pantanal
Produtor mostra que é possível ter produtividade aproveitando os recursos naturais com sustentabilidade
Depois de uma boa estação de monta natural, com índice de prenhez de 96%, a fazenda Baía Grande, em Rio Verde, Mato Grosso do Sul, terá uma colheita de bezerros que serão desmamados aos 10 meses, com peso entre 370 e 420 quilos. Na alimentação, apenas um composto proteico no creep, para que os animais possam ser terminados aos 14 meses com uma média de 20 arrobas. O segredo dessa eficiência não é nada além de uma boa combinação de clima e solo aliada a um manejo simples.
A região é o Pantanal da Nhecolândia. O pasto na fazenda é de braquiária humidícula, verdinho e sem química há pelo menos 150 anos. Apesar de a atividade pecuária ser antiga na planície pantaneira, a região vem chamando a atenção de produtores de todo o Brasil por conta do solo fértil e dos bons índices pluviométricos, combinação que confere qualidade ao capim e facilita a criação a pasto.
O exemplo da Baía Grande é o que Higino Hernandez, proprietário da fazenda, chama de pecuária natural, baseada em um modelo conhecudo nos Estados Unidos que ele adaptou ao Pantanal.
– Eu comecei criando gado europeu em outra região. Depois trouxe o gado para o pantanal e ele se adaptou ao clima. No cruzamento com o zebu, aliamos a habilidade materna com a aptidão para corte, e assim, focamos em fazer dar certo.
Junto de sua equipe, Higino explica que, utilizando os cruzamentos entre as raças pardo-suíço, brahman, tabapuã, guzerá e nelore, os bezerros são mantidos ao pé da vaca, num manejo simples, recebendo suplemento no creep feeding o tempo todo em um período entre 120 e 480 dias.
Um detalhe interessante é que o suplemento é colocado logo cedo e a alimentação dos bezerros é supervisionada pelo peão até que acabe, para evitar a concorrência da fauna local. O cervo pantaneiro, animal típico da região, sai no mesmo horário para buscar alimento.
A dosagem começa com 200 gramas por dia e chega a um quilo no sexto mês, que é a fase de maior ganho de peso do bezerro graças à alta performance na conversão alimentar. Para alcançar esse resultado, o pecuarista aposta em suplemento proteico, elaborado por ele, até a época da chegada das águas.
A partir daí, a vacada e as novilhas comem apenas sal mineral e capim, inclusive as prenhes, e os machos voltam a receber o complemento até a engorda. Com isso, ele consegue terminar os bezerros mais cedo – animais precoces, após uma desmama prolongada até os 10 meses, com média de 350 quilos, podendo chegar a 420 quilos.
Esse sistema de terminação rápida já deu resultado na fazenda: em oito anos, a eficiência na propriedade aumentou em cerca de 30% – e lucro também.
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