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Produção de leite cai e valor pago ao produtor chega ao maior patamar

/ PECUÁRIA

Pela lei de oferta e demanda, quanto menos produto e mais gente procurando, maior será o valor pago por ele

Elci Holsback

 

O café da manhã está mais caro para a população, que a cada visita ao supermercado se depara com o valor do litro do leite mais alto. Vendido acima dos R$ 4 ao consumidor, o produtor de Mato Grosso do Sul recebe R$ 1,45 por litro, segundo levantamento do Conseleite (Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Estado de Mato Grosso do Sul). Este é o valor mais alto pago ao produtor nos últimos anos.

Fatores como a entressafra e a queda da produção de 20,47% nos primeiros cinco meses deste ano,comparado ao mesmo período de 2015 são determinantes para a elevação do valor do produto. Entre julho e agosto há queda na produtividade devido a entressafra, mas ao contrário do Brasil, que na última década registrou crescimento na captação de leite em 40,7% Mato Grosso do Sul retraiu a produção em 20,7%, destaca o presidente do Conseleite, Wilson Igi.

Igi revela que mesmo com o produto em alta no momento, o setor enfrenta dificuldades e muitos produtores desistem da atividade devido a falta de rentabilidade e a dificuldade em escoar o produto. "O consumo médio de leite no Brasil é de 170 litros por habitante ao ano e em Mato Grosso do Sul, a produção é muito acima da média nacional. Quem se manteve no mercado, está recuperando os prejuízos, mas ainda há dificuldades, como o escoamento da produção", avalia.

De acordo com o presidente da entidade, o excedente da produção precisa ser escoado, mas esbarra no ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 10,2% aplicado no Estado, o que torna inviável ao produtor. Além disso, há a grande entrada de lácteos de outros estados. "Devido essa série de fatores, o produtor perde a competitividade e migra de área de produção".

Segundo Wilson Igi, junto a outras frentes do agronegócio de MS, o Conseleite encaminhou duas propostas ao Governo de MS para recuperar o setor no Estado. A primeira apresenta as dificuldades geradas pelo valor do ICMS e a segunda diz respeito sobre a qualidade do leite e a redução da informalidade na produção, o que equivale a quase metade do leite produzido no Estado. "A informalidade ainda é um grande problema, mas não adianta fortalecer o setor e aumentar a produtividade e esbarra em impostos altos, fazendo com que o produto não saia do Estado", avalia Igi.