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Quebra de paradigmas no manejo animal é destaque no Interagro 2024

/ INTERAGRO
A pecuarista Carmen Perez pontuou que os cinco domínios do bem-estar animal devem ser levados em consideração para a produtividade na pecuária

Neste sábado (22), o Interagro MS, evento realizado pelo SRCG, trouxe ao público a apresentação da pecuarista e entusiasta do bem-estar animal, Carmen Perez. Chamada a liderar a propriedade da família aos 22 anos, sua trajetória é marcada pela quebra de paradigmas em relação ao manejo animal, algo que ela percebeu que precisava mudar desde o início de sua gestão.

 

“Ao ver como era feito o manejo tradicional, tive que tomar minha primeira decisão: desistir ou fazer as coisas de outro jeito. E eu fiquei, porque minha postura pessoal dizia que minha relação afetiva não precisava morrer para que minha relação comercial pudesse nascer. Foi aí que comecei a implementar manejos como a desmama lado a lado, a redução da marca a fogo através do uso do brinco e a massagem no momento da cura do umbigo para estimular o cortisol no bezerro”, explica Perez.

 

Mas o que é bem-estar animal? A pecuarista explica que a ciência ajuda a entender através dos cinco domínios, que vão desde a nutrição, com acesso à água, onde o indicador é o escore corporal, até a preocupação com a saúde mental do animal, pois, segundo ela, tudo isso impacta onde o produtor mais precisa: na produtividade.

 

“A gente sabe que os animais são seres sencientes, ou seja, eles sentem. Toda vez que a gente abala qualquer um desses domínios, a gente abala o bem-estar dos animais. E a resposta a isso é o estresse. Se por algum acaso o animal é privado do acesso à água, o componente nutrição fica prejudicado. Em decorrência disso, sua saúde será prejudicada, o que levará a uma mudança no seu comportamento e, por fim, prejudicando seus estados mentais. Uma coisa que nós, produtores, buscamos é a produtividade. Não adianta falar de produtividade com um animal estressado”, ressaltou a pecuarista.

 

Durante a apresentação, Carmen ainda destacou pontos importantes, como o poder da comunicação para que esse tipo de manejo possa se expandir dentro da pecuária, e a necessidade da redução da marca a fogo até mesmo para a comercialização do couro, que logo deverá enfrentar maior pressão das próprias montadoras e marcas da indústria da moda internacionais.

 

“Todas as grandes montadoras usavam os estofados dos bancos através do sofrimento animal. Para reverter essa situação, um projeto foi criado para trazer transparência à produção: uma calculadora onde as fazendas são certificadas por questões ambientais, sociais e de bem-estar animal, e a gente recebe o crédito. Estamos acostumados a ficar dentro da porteira, mas estamos no mundo; o mundo está nos vendo e precisamos nos comunicar com ele.”, finalizou.

O Interagro
 

O Interagro 2024, além de ser uma celebração do setor, também é palco para discutir e promover práticas sustentáveis. Nesta edição, o evento se destacou por se tornar oficialmente carbono neutro, refletindo o compromisso do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, com a responsabilidade social e com a meta de tornar o estado carbono neutro até 2030. A V edição do evento foi confirmada pela diretoria do SRCG para 2025.

 

Mayara Martins - Agro Agência