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Super Produtor: Experiências únicas e histórias memoráveis da vida do produtor Luiz Carlos Spengler

/ DIVERSOS

Uma bagagem cheia de histórias bonitas para contar, dono de uma boa conversa e inúmeras experiências de vida. Esse é o produtor rural Luiz Carlos Spengler, que está prestes a completar 94 anos de idade este ano. Proprietário da Fazenda Campina Grande, localizada no município de Coxim (MS), às margens do rio Taquari, distante cerca de 260 uilômetros de Campo Grande, desde que nasceu desenvolve a atividade de pecuária de corte. Além de produtor, ele também já foi empresário e piloto de avião.

 

Fruto da união de Robert Spengler e Luiza Rocha Spengler, Luiz teve mais dois irmãos e duas irmãs. “Meu pai era alemão, um hábil mecânico, ferreiro e serralheiro que aos seus 17 anos foi para os Estados Unidos e depois para o Alaska minerar cobre na empresa de minério Anaconda, sendo mais tarde transferido para a Terra do Fogo, ao sul do Chile. Na Argentina, ele foi responsável pela usina elétrica de Buenos Aires. Chegou ao Brasil por Corumbá e comprou a Fazenda Retiro Velho, em Coxim. Comprou uma serraria enviada pelo seu irmão dos Estados Unidos e montou uma indústria de açúcar e álcool, e começou a criação de gado e a vida no meio rural. Nasci e fui criado nessa fazenda. Quando tinha 8 anos, fomos morar em Campo Grande para continuar os estudos e entrei no colégio Osvaldo Cruz. Com o passar do tempo meu pai comprou uma oficina que tinha o seu nome, bem equipada, onde ele trabalhava com serralheria, ferraria e fundição, e eu, juntamente com meus irmãos, depois que saíamos da escola o ajudávamos nos serviços e fomos aprendemos o ofício, como solda e tudo que engloba esse trabalho. Em 1945 meu pai resolveu voltar para a fazenda deixando a oficina para os três filhos, e com isso mudamos o nome da firma para ‘Irmãos Spengler’, que ficava na Av. Calógeras, número 851, perto dos Correios”, lembra emocionado.

 

Depois de mexer com oficina, foi oferecida ao Sr. Luiz a representação da empresa americana “International Harvest”, que fabricava caminhões, camionetes, tratores de esteira, máquinas agrícolas, carregadeiras, colheitadeiras, entre outros. “Então passamos a vender essas máquinas. Quando abriu a Volkswagen no Brasil, nós fomos o primeiro revendedor de Mato Grosso, antes da separação do estado. O primeiro carro veio de trem, demorou cerca de um mês para chegar e, como aqui quase não tinha ninguém, eu ia a São Paulo buscar. A Borgoff então nos ofereceu a representação da Bosch, abrimos uma loja de peças e passamos a dar assistência aos produtos dessa marca como bomba injetora e parte elétrica de motor”, comenta o produtor.

 

Um dos grandes sonhos de Luiz era ser piloto de avião. “Desde pequeno sempre gostei de avião, tirei o brevê com o professor da aeronáutica, Sr. Arani da Conceição Moraes, grande amigo. Trabalhei durante três anos e meio de táxi-aéreo e fiz inúmeros voos fora do estado e até do Brasil. Foi uma época boa, prestei assistência para muitos fazendeiros, incluindo pedidos de socorros. Aí começou o meu contato com o rádio amador na Fazenda Miranda Estância e a ideia de implantar uma rede na Acrissul. Foi um grande avanço que facilitou a comunicação entre fazendeiros e suas respectivas propriedades em nível estadual. Nesse meio tempo tomei conta da nossa fazenda em Rochedinho, de criação de gado, e Varjão, de agricultura, perto de Terenos. Depois de um tempo comprei duas empresas de ônibus, a Viação Cidade Branca, em Corumbá, que fazia a linha urbana, e a Viação Dourados, na cidade de Dourados, que já era urbana e intermunicipal. Gerenciei essas duas empresas durante 20 anos”, declarou Spengler.

 

A fazenda

A Fazenda Campina Grande foi uma herança doada em vida que o pai de Luiz, Robert Spengler, deixou para os filhos. “Fiquei com a parte da mata. Quem muito me ajudou na época foi a minha esposa, que também foi criada em fazenda e já tinha prática e conhecimento desse meio e fomos construindo juntos”, disse.

 

A sua grande parceira nesta jornada é a sua esposa e braço direito, Dalila Moreira Spengler, 83 anos. “O início...digamos que foi uma aventura, porque não tinha estrada, casa e nem energia. Sou muito grata a Deus por tudo que passamos e por chegar com saúde onde estamos. Com certeza é  muito gratificante”, comenta Dalila.

 

Este ano eles completam 62 anos de casados, tiveram seis filhos, sendo três homens e três mulheres, nove netos e cinco bisnetos. A família tem como tradição de todo domingo à tarde se reunirem para um lanche, tomar um bom tereré e contar as novidades da semana. Atualmente a fazenda é administrada pelo filho mais novo, Rodrigo Spengler, da Beef-Tec, mas o produtor está sempre por perto acompanhando. “Ainda cuido das máquinas, dos tratores e de toda sua manutenção. Me sinto feliz e realizado por todo trabalho que fiz ao longo da minha vida ao lado da minha família, como produtor rural, empresário e piloto”, finaliza ele.

 

Há 34 anos o produtor Luiz Spengler é sócio do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho e fez parte da diretoria entre os anos de 1998 a 2016. Sempre foi muito atuante, disposto a ajudar no que fosse preciso e presente nos eventos e palestras promovidos pelo sindicato.

 

Texto: Polyana Dittmar

Fotos: Arquivo pessoal