Uso correto de suplementação pode dobrar o rendimento do gado no pasto
Pesquisas apontam que para cada R$ 1 investido na compra de um bom suplemento geram retorno de, no mínimo, R$ 2
Nas últimas décadas o pecuarista brasileiro viu a suplementação passar do básico sal branco para produtos mais ricos em minerais e até em aditivos que estimulam o ganho de peso. São produtos elaborados respeitando as necessidades de cada categoria animal e que podem ser fornecidos o ano todo. Mas muita gente ainda não utiliza os suplementos da forma correta.
Segundo especialistas em nutrição animal, por melhor que seja, o capim não fornece tudo o que o animal precisa. O pecuarista Rodrigo Agustini, do município de Alta Floresta, no norte de Mato Grosso, já percebeu isso.
– Um dia que eles ficam sem mineral no cocho é visível, aparece a costela. Sem isso eles não ficam lisos, com a costela sem aparecer, o vazio bem preenchido.E se ficar um dia sem, no outro dia você já nota isso – diz o pecuarista.
O zootecnista Thiago Prado explica que existe um desequilíbrio de minerais nas pastagens, com carência principalmente de fósforo, por uma série de fatores. Entre eles, a fertilidade e a acidez do solo, a adubação e a época do ano. Somando macros e micros, são mais de 10 minerais essenciais para a composição dacarne, da gordura, do leite e também para a reprodução e para o crescimento ósseo. Os minerais ajudam ainda a melhorar o sistema imunológico dos animais, deixando o gado mais resistente a doenças como pneumonia e diarreia.
A suplementação animal evoluiu muito de 1950 para cá. Há cinco décadas o comum nas fazendas era ter nos cochos apenas o sal branco, que contém somente cloro e sódio. Hoje, os pecuaristas contam com uma diversidade de produtos nos segmentos de minerais e proteinados. São suplementos que prometem acelerar o ganho de peso do gado.
O sal branco tornou-se um simples ingrediente para atrair o animal e regular o consumo. Atualmente, um bom produto não contém mais do que 35% de sal. A evolução começou quando foram adicionados os outros 65% de minerais. Cálcio, fósforo, sódio, magnésio, enxofre, cobre, zinco, iodo, selênio e outros. Hoje o mercado já oferece produtos com proteína e energia, que além de sal e minerais têm também milho, ureia e alguns até farelo de soja, formando uma espécie de ração super enriquecida.
– É um produto para usar como ferramenta estratégica na fazenda. Ele acelera a fase de acabamento, dá gordura e ajuda a aumentar o rendimento da carcaçano frigorífico – epxlica o gerente de vendas da empresa Fortuna, João Henrique Orfaneli.
Custos e vantagens
Rodrigo Agustini, o advogado e contador que abandonou o terno e decidiu investir em pecuária, está praticamente eliminando a recria na fazenda dele. Os animais chegam na propriedade com 10 meses de idade e, com mais 10 meses de engorda, são abatidos com 17 arrobas.
– Hoje nós temos que intensificar, aumentar a quantidade e diminuir tempo. Diminuindo o tempo, aumentando a quantidade, a gente consegue diluir o custo fixo da fazenda. É a forma que você vai ter de melhorar a adubação, pagar a pastagem e diluir todos os seus custos. Mais rentabilidade significa menos tempo e mais boi na mesma área. Em 2012 nós produzimos 22 arrobas por hectare aqui e no ano passado nós produzimos 40. Queremos ver se em mais dois ou três anos a gente consegue chegar em 50 arrobas por hectare aqui – diz o pecuarista Rodrigo Agustini.
Os suplementos proteicos e energéticos variam muito de acordo com a categoria do animal. Há um produto para cada fase do rebanho e para ser usado o ano todo. A evolução não termina aí. Muitos produtos já contam com os chamados aditivos químicos ou biológicos, que são moléculas que promovem o crescimento e melhoram a eficiência alimentar.
– Um pasto verde, com folhas em abundância e suplemento de baixa qualidade pode dar um desempenho de 400 gramas na época das chuvas, o que é insatisfatório para o sistema. Quando aumenta a concentração de minerais esse desempenho vai para 500, 600 gramas. Quando você ainda incorpora aditivos melhoradores de desempenho esse suplemento vai dar aí desempenho de 700, até 800 gramas em alguns casos – explica o zootecnista Thiago Prado.
Pesquisas apontam que para cada R$ 1 investido na compra de um bom suplemento, o retorno é de, no mínimo, R$ 2. Mas, apesar dos resultados prometidos pela suplementação mineral, proteica e energética, estima-se que apenas 50% do rebanho brasileiro sejam suplementados corretamente. E boa parte, usa só na época da seca. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), o volume de vendas desses produtos cai em 30% no período chuvoso.
– O valor que produtor investe em suplemento de baixa qualidade por animal/dia é em torno de R$ 0,10 por cabeça/dia. Um suplemento de alta qualidade sobe esse valor para R$ 0,13 por cabeça/dia. E quando eu incorporo ainda o aditivo melhorador de desempenho, passa para R$ 0,14 ou R$ 0,15 por cabeça/dia. Isso quer dizer que o investimento não aumenta tanto, mas o desempenho aumenta muito. O desempenho sai de 400 gramas dia e vai até 700 gramas cabeça dia. É uma diferença extremamente satisfatória e considerável – explica o zootecnista Thiago Prado.
CANAL RURAL/RURAL BR PECUÁRIA