Vacina contra febre aftosa de 2 ML é apresentada oficialmente
A vacina contra a febre aftosa teve dose reduzida de 5 ml para 2 ml na vacinação de bovinos e bubalinos. Segundo a Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), os fabricantes aceitaram fazer alterações na composição e volume de dose de imunização da vacina, atendendo demanda da cadeia produtiva.
“Seis entidades do agronegócio, entre elas a Acrimat, pediram mudança na composição da vacina contra febre aftosa aplicada em todo rebanho bovino do país, pois entendíamos que a alteração se fazia necessária para evitar que reações à vacina continuassem a trazer prejuízos ao produtor rural e às indústrias frigoríficas do setor”, explica o presidente da Acrimat, Marco Túlio Duarte Soares.
Daniella Bueno, que é médica veterinária, diz que com a redução da dosagem e a mudança na composição se espera a minimização de reações nos animais, como edemas e abcessos. “Com a diminuição do volume de óleo e a retirada da substância denominada saponina, que dificultavam a absorção e provocavam irritação no local da aplicação, causando edemas e severa reação inflamatória, espera-se a consequente diminuição na ocorrência de abscessos, que causavam prejuízos aos pecuaristas na hora do abate”, informa Daniella.
Outra vantagem, que pode parecer menos importante, é que com frascos menores, as vacinas ocuparão menos espaço, facilitando o transporte e reduzindo o custo de refrigeração.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a mudança da dose estava prevista no Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), que deverá culminar com a retirada total da vacinação no país prevista até 2021.
A nova tecnologia foi desenvolvida ou adaptada por oito indústrias do segmento, que investiram US$ 15 milhões para ter a nova vacina, sempre visando manter os mesmos parâmetros de qualidade e eficiência. Foram utilizadas 223 milhões de doses, equivalente a meio milhão de litros, com uma cobertura vacinal de 92%. Considerada um biológico perfeito, oferece proteção de seis meses, é bivalente, de fácil aplicação sub-cutânea e contém óleo.
Em novembro, segunda etapa da campanha nacional de vacinação, serão utilizadas outras 110 milhões de doses.
Prejuízos
Estimativas das entidades que presentam o setor, como Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) apontam que o produtor perdia, em média, 2 quilos de carne por animal abatido quando as lesões provocadas pela vacinação eram encontradas. O grupo de instituições do agronegócio afirma que a febre aftosa “é a doença animal com maior impacto econômico na atividade pecuária”.
Erradicação da aftosa
A previsão é de que todo o Brasil seja reconhecido como país livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) em 2023, como já ocorre com o estado de Santa Catarina. Produtores defendem que a partir do momento em que o Brasil estiver livre, o mundo abrirá suas portas para a carne com osso brasileira. “Quando isso ocorrer, poderemos exportar carne com osso, produto que não conseguimos exportar aos grandes consumidores por ainda praticarmos a vacinação. Isso é de interesse do governo brasileiro, da pecuária e da sociedade”, destaca Marco Túlio.
O vírus da febre aftosa é altamente contagioso. O animal afetado apresenta febre alta que diminui após dois a três dias. Em seguida, aparecem pequenas bolhas que se rompem, causando ferimento. O animal deixa de andar e comer e, no caso de bezerros e animais mais novos, pode até morrer. A transmissão pode ocorrer por meio da ingestão de água e alimentos que estejam contaminados pela saliva de animais doentes. O vírus é resistente, podendo sobreviver durante meses em carcaças congeladas. Mato Grosso teve o último foco da doença em 1996. O Brasil é um país livre da febre aftosa com vacinação com reconhecimento internacional pela OIE.
Fonte: Assessoria Acrimat