DIVERSOS | 22/11/2021

Queijo fake: Lei regulamenta informações sobre falso queijo em MS

A lei vale para todos os estabelecimentos comerciais do ramo alimentício que substituírem queijos e derivados lácteos na formulação de produtos

 

Na internet é possível verificar vários vídeos ensinando a fazer a muçarela fake, uma mistura de leite, manteiga, menor quantidade de outro queijo e amido de milho. Em escala industrial a receita piora, levando água, gordura hidrogenada, amido e essências artificiais que lembram o sabor do queijo tradicional. Uma receita injusta aos produtores rurais e prejudicial à saúde dos consumidores, que adquirem o queijo fake, muitas vezes sem conhecimento, nas pizzas de domingo, por exemplo.

 

Pensando nesse prejuízo à saúde humana e ao trabalho de centenas de produtores rurais, que beneficiam o leite, produzindo o queijo tradicional, o Governo de Mato Grosso do Sul, sancionou uma lei, publicada no dia 22 de outubro, deste ano, que determina que estabelecimentos comerciais do ramo alimentício, como bares, lanchonetes, restaurantes, pizzarias, sanduicherias, panificadoras, bufês, sorveterias, pubs, empórios e outros, deverão informar, de forma destacada, no cardápio e em toda publicidade, a expressão “este produto não é queijo”. Todos terão 120 dias para se adequarem à nova regra.

 

A lei é de autoria do deputado estadual João Henrique (PL), que acredita que ela poderá acabar com os prejuízos, que a prática pelos estabelecimentos comerciais está causando aos produtores de leite do Estado, na região de Campo Grande, e no Bolsão de Mato Grosso do Sul.

 

“Nossa lei traz a verdade, a transparência para que as pessoas possam escolher livremente entre o queijo verdadeiro e o fake. E punir, com multas, quem prejudicar os consumidores e o homem do campo. O valor dos produtos semelhantes ao queijo, requeijão e outros lácteos são mais baratos que os legítimos produtos derivados do leite, fazendo com que os estabelecimentos comerciais do ramo alimentício os priorizem. Isso é gravíssimo para a economia do Estado,” explica João Henrique.

 

Segundo o nutricionista, Emerson Duarte, a lei que entrou em vigor tem como principal benefício a saúde do consumidor. "O que comercializam como queijo, na verdade é uma bomba à saúde, que se consumido com frequência, pode trazer danos graves, como: doenças cardiovasculares, doenças no fígado, prejuízos ao sistema nervoso central, obesidade, esteatose hepática, diabetes tipo 2, além do aumento dos triglicerídeos", explica, o profissional da saúde, ao sinalizar que cálcio, minerais e vitaminas, são exclusividades do queijo tradicional, à base de leite.

 

Quanto a questão econômica, o produtor rural e diretor do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho – SRCG, Wilson Igi, destaca que iniciativas como esta, de produção de queijo fake, podem excluir produtores da atividade. “Os riscos são grandes para a saúde, para a economia e para a dignidade de famílias que se dedicam à produção de leite e queijo. São por iniciativas assim, que a produção de leite de janeiro a agosto de 2021 caiu 24%, quando comparado com o mesmo período de 2020”, explica.

 

O deputado aponta que o ganho do produtor com este projeto será enorme, porque ele voltará a ter seu produto respeitado, verá crescer o consumo de produtos originais e legais; e o consumidor ganha também em saúde, porque os produtos lácteos são de excelente qualidade, ricos em cálcio, vitaminas e proteínas. “É uma lei importante para os produtores rurais, para o fazendeiro, para o peão, para as pessoas que sofrem trabalhando no campo produzindo um produto legítimo”.

 

Uma pesquisa importante feita pelo Sindicato Nacional do Leite mostra que, quando o consumidor sabe a diferença e consome o queijo verdadeiro, há um aumento de 30% na arrecadação da cadeira produtiva do leite. 

 

Assim, de acordo com a proposta, deverão ser disponibilizadas ao consumidor todas as informações nutricionais e os ingredientes do produto utilizado, deixando claro quando o mesmo contiver adição de outras substâncias. “O consumidor tem o direito de saber que o que está comendo não é queijo legítimo, e que derivado do leite só faz bem à saúde, ao contrário dos análogos, imitações, que contêm amido, gordura hidrogenada, esta última promovendo sérios riscos à saúde, como o câncer. Precisamos proteger não só o consumidor, mas o produtor rural deste tipo de produto, que investe, gera empregos, oferece algo de qualidade.”

 

João Henrique esclarece que há tempos a indústria e os mercados já se adequaram, trazendo informações nutricionais nos rótulos dos produtos análogos ao queijo, requeijão e outros lácteos. “Então, quem compra desses estabelecimentos, tem consciência do que está comprando, sem equívocos ou enganos, diferente do consumidor que compra uma bolinha de queijo frita, uma pizza de muçarela ou um pastel de queijo e não sabe se o que está consumindo, se é queijo de verdade ou não”.

 

A fiscalização será realizada pelo Procon. “Aprendendo a diferenciar o queijo verdadeiro do fake, haverá consumo maior e mais lucratividade para o produtor. É uma forma inteligente de ajudar o campo e o consumidor”.

 

Diego Silva - Agro Agência

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