Embrapa lança nota técnica sobre uso de terras no Pantanal de MS
Estudos devem subsidiar a legislação do Car no bioma.
Nota técnica considera dados sobre economia e ecologia da região.
A Embrapa Pantanal, com sede em Corumbá, a 444 quilômetros de Campo Grande, apresentou na semana passada uma nota técnica com uma proposta de alternativa para a substituição de paisagens nativas por pastagens cultivadas na região do Pantanal, emMato Grosso do Sul.
A nota, segundo a Embrapa, foi elaborada a pedido do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) para subsidiar a legislação do Cadastro Ambiental Rural (Car) no Pantanal sul-mato-grossense, tomando como base as exigências feitas no novo Código Florestal.
De acordo com a Embrapa, as análises da nota técnica consideram dados sobre a economia e a ecologia da região para definir as porcentagens de supressão vegetal permitidas para o cultivo de pastagens nos diferentes tipos de paisagem do bioma.
Segundo a nota, foram definidos como limites para substituição de paisagens nativas no Pantanal, de forma a conservar a sustentabilidade ecológica da região: 35% dos cerrados, 36% das florestas, 45% dos campos não inundáveis e 45% dos campos inundáveis (quando apresentarem alta cobertura do solo por espécies de capins pouco palatáveis, como o capim vermelho, por exemplo).
Ainda conforme a nota técnica da Embrapa, o Pantanal possui, atualmente menos de 15% da área desmatada e considerando as porcentagens propostas na nota para a supressão vegetal na planície, a quantidade de área cuja vegetação poderia ser substituída por pastagens dobraria, no mínimo, em relação a quantidade substituída até hoje.
Segundo a chefe-geral da Embrapa Pantanal, Emiko Resende, porcentagens de supressão superiores àquelas definidas pela nota técnica podem comprometer a sustentabilidade ecológica do bioma e, portanto, contrariar as exigências do novo Código Florestal.
Ela cita ainda a diversificação das atividades econômicas como alternativa para a manutenção da pecuária pantaneira. “Produzir as madeiras das cercas na própria propriedade, por exemplo, que é o que a Embrapa já está buscando através do Projeto Biomas no Pantanal, financiado pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA), é uma forma de reduzir, em parte, os custos operacionais do sistema”, afirma.
O turismo ecológico é uma das alternativas de diversificação citadas pela chefe-geral, assim como a monetarização dos serviços de preservação ambiental. “É possível fazer com que a sociedade pague pelas ações de conservação, agregando valores à biodiversidade pantaneira e mantendo a vegetação nativa, que é um patrimônio fantástico”.
Para Emiko Resende, as normas definidas pela nota técnica devem promover tanto a preservação quanto o desenvolvimento do bioma. “Nós estamos preocupados em conciliar o uso com a conservação pra promover a sustentabilidade da região. Queremos que esse ecossistema ímpar no mundo continue existindo para as próximas gerações”, finaliza a chefe-geral.