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Entre holandeses e prêmios: a reportagem sobre a trilha dos pioneiros da ILP

/ AGRICULTURA
A narrativa rendeu o primeiro lugar na categoria Jornalismo Impresso do Prêmio SRCG de Agrojornalismo

No município de Maracaju, os holandeses Ake Bernhard van ver Vinne Krijn Wielemaker, de 74 e 78 anos de idade, são figuras históricas da agropecuária. O jornalista Ariosto Mesquita contou a história desses dois produtores em sua reportagem intitulada “Os ‘pais’ da ILP tropical brasileira”. A narrativa lhe rendeu o primeiro lugar na categoria Jornalismo Impresso do Prêmio de Agrojornalismo do Sindicato Rural de Campo Grande, que aconteceu no Interagro deste ano.

 

O primeiro parágrafo da reportagem de Ariosto já desde o início reflete o tamanho privilégio e responsabilidade que é ser comunicador na área do agro. "Caso você, porventura, tope com estes senhores nas estradas do agro ou pelas ruas de Maracaju (MS), onde residem há mais de cinco décadas, não vacile. Converse com eles, peça uma selfie, arrisque autógrafos e agradeça. Por que? Além de registros valiosos, o aprendizado e a gratidão muito bem-vinda. Ake Bernhard van der Vinne e Krijn Wielemaker (hoje aos 74 e 78 anos, respectivamente) foram (e continuam sendo) figuras protagonistas na história recente
da agropecuária do Brasil, que, em meio século, deixou de ser país importador para ser o principal exportador de alimentos do mundo”.

 

Ariosto fala de lugar de referência no jornalismo rural. Mineiro, chegou em Mato Grosso do Sul no ano de 1986, e neste ano completa 40 anos de formação. Começou a trabalhar no Correio do Estado e também até chegou a lecionar jornalismo rural na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Hoje em dia, continua cobrindo o agronegócio e inclusive procurou um mestrado na área para conseguir conhecimento técnico, além de ter sido um dos primeiros integrantes da Rede Brasil de Jornalistas do Agro (Rede Agrojor).

 

Neste período, conquistou 37 títulos de reconhecimento de seu trabalho na área, mas na noite do Interagro em que subiu ao palco para receber seu troféu da edição de 2024, garantiu que nenhum prêmio é igual ao outro. “Não é quantidade de prêmio que faz a carreira, mas sim a participação. Se existem pessoas dispostas a valorizar nossa categoria, é muito importante participar, para que eles sintam que a valorização realmente vale a pena, além de ser um ótimo momento para reencontrar colegas e fazer o networking”, reforça.

 

Foi inclusive uma dessas premiações que lhe rendeu o contato, que posteriormente o levaria a conhecer os holandeses em Maracaju. A reportagem premiada foi inicialmente um trabalho para a Revista DBO, empresa jornalística do segmento pecuário. Para o Inteagro, Ariosto aprofundou a história, incluindo mais informações. A narrativa explica detalhadamente a trajetória dos holandeses e o desenvolvimento da integração-lavoura-pecuária em Mato Grosso do Sul.

 

“Tudo a partir de uma constatação: o alto potencial de sinergia (cooperação em que o todo é maior do que a soma das partes) entre as atividades de agricultura e pecuária. O legado é gigantesco: Após quase 35 anos – a partir dos primeiros esboços efetivos de integração com plantio direto, em 1989, em Mato Grosso do Sul; até dezembro de 2023 - a área de ILP no Brasil atingiu algo na casa de 16,6 milhões de hectares, equivalente a 82% dos 20,3 milhões/ha (sendo perto de 16 milhões/ha concentrado nos biomas Cerrado e Amazônia) ocupados com sistemas integrados (combinações produtivas entre os componentes pecuária, floresta e lavoura). No ranking de participação (até 2022) dos sistemas integrados em relação à área produtiva total, Mato Grosso do Sul liderava (até 2022) com 18,4%, seguido de Mato Grosso com 13,2%”, detalha a reportagem.

 

Os pecuaristas, inclusive, continuam na ativa até hoje. “Nos dias atuais, Wielemaker e Vinne continuam ativos. Cada um à sua maneira, mas ambos sem esconder o sotaque gringo. O primeiro, menos afeito às badalações, eventos e aparições públicas, passou o controle quase total de seus 1.600 hectares de terras (três propriedades) no município sul-mato-grossense para seus herdeiros (dois filhos e um genro), assegurando um recebimento financeiro na forma de pró-labore”, ainda explica a reportagem.

 

“Jornalismo é aprendizado, e é importante se atualizar sempre. Sinto que o profissional precisa colocar o “pé na lama” e conhecer mais da vivência do produtor rural. Mas sinto também que o agro ter uma conversa mais aberta. Hoje se confunde muito comunicação com marketing, mas a comunicação desempenha um papel de desenvolver a reputação do produto que precisa ser vendido. É um caminho grande a ser percorrido. O agronegócio se comunica muito bem “dentro da porteira”, entre eles, mas o que eu vejo é a necessidade de se comunicar muito melhor “da porteira para fora”, ainda complementa Ariosto.

 

O texto foi publicado no Jornal Agroin, veículo que neste ano completa 21 anos de cobertura no agronegócio brasileiro, dirigido pelo jornalista Wisley Torales. A reportagem na íntegra está disponível na edição 241, do dia 7 de março de 2024.