Pesquisa revela que a seleção genética pode produzir carne bovina mais saudável
As coisas estão mudando na forma como os consumidores percebem a salubridade da carne bovina, disse a geneticista da Universidade da Flórida, Raluca Mateescu. Essa é uma boa notícia, disse ela, considerando que as pesquisas sobre as atitudes dos consumidores sobre a carne bovina mostram que a questão de ser ou não saudável está aumentando rápido no radar dos consumidores como uma característica que eles consideram importante em sua decisão de compra.
Os produtores de carne bovina podem tornar o produto mais saudável com a seleção genética? Sim, disse ela. “Eu acho que temos algumas oportunidades de dar uma olhada mais de perto na carne bovina para ver o que temos que melhorar para ter uma dieta saudável”.
De fato, essa pesquisa está sendo feita agora e o que eles descobriram até agora é encorajador. De acordo com os dados gerados pelo Beef Healthfulness Project, um esforço de várias universidades, alguns dos nutrientes que fazem parte do perfil saudável da carne bovina têm boa herdabilidade. Tomemos o ferro e o zinco como exemplo, dois dos nutrientes mais importantes da carne bovina.
“Se olharmos o ferro, temos uma porção de carne bovina contribuindo com cerca de 8% a 18% do valor diário recomendado, dependendo se falamos de mulheres, idosos ou homens”, disse ela. A concentração de ferro na carne bovina tem uma herdabilidade muito alta, de 54%.
“O zinco vem em seguida, com uma porção de carne bovina contribuindo com 26% do valor diário recomendado. Ele tem uma herdabilidade menor, mas não ruim, de 10%”. Entretanto, ela disse que os dados mostram uma correlação muito forte e positiva entre ferro e zinco. “Então, se formos focar nossos esforços no ferro e dizer que é esse que queremos que aumente, também estamos nos beneficiando do aumento da concentração de zinco”. Focar na genética do ferro tem alguns lados positivos definidos, disse ela. “O primeiro é a saúde humana. A deficiência de ferro é a desordem nutricional mais comum e disseminada no mundo”.
Porém, as concentrações de ferro na carne bovina também são importantes ao pecuarista. “Se observarmos características economicamente importantes, a concentração de ferro está relacionada com a estabilidade da cor e com o prazo de validade. E também mostramos em nossa pesquisa que há uma correlação genética forte e positiva entre a concentração de ferro e o sabor da carne bovina. Sabemos que isso está no topo em termos de preferência dos consumidores”.
Entretanto, alerta ela, em qualquer momento que você comece a pensar sobre a adição de qualquer outra característica ao seu critério de seleção, você precisa se preocupar sobre a desvantagem dos antagonismos genéticos. “A boa notícia, pelo menos para o ferro, é que não há nada para se preocupar com as correlações genéticas e correlações fenotípicas com uma série de características da carcaça. A única característica da carcaça com moderada correlação genética é o grau de rendimento e essa é positiva – maior ferro, maior classificação de rendimento”.
À medida que a pesquisa continua e à medida que a indústria de carne bovina chega mais perto de seus consumidores, as características que afetam o perfil de nutrição da carne bovina podem influenciar mais os índices de seleção. “A pesquisa é muito importante, buscando quanto temos desses componentes e qual o papel que eles têm em uma dieta saudável. Essas são características novas e necessárias. Temos a oportunidade de realmente mudar a forma que a carne bovina é representada aos consumidores”.
Beef Magazine