Pular para o conteúdo principal

Prefeitos de todo o país participam da Marcha em defesa dos Municípios

/ DIVERSOS

Disputa de terra entre índios e produtores rurais não foi incluída na pauta do evento e provocou indignação nos governantes

Os prefeitos de cidades que enfrentam problemas de conflitos indígenas participaram da XVII Marcha à Brasília em Defesa dos Municípios. Os governantes reclamam da pouca atenção dada ao assunto por parte do governo federal. O evento, que acontece até o dia 15 de maio, é o encontro de todos os gestores municipais com os representantes do governo federal e os parlamentares integrantes do Congresso Nacional com o objetivo de discutir e reivindicar medidas e soluções urgentes para os problemas dos municípios.

O prefeito de Faxinalzinho, no norte do Rio Grande do Sul, Selso Pelin, está entre os inúmeros representantes que foram a Capital Federal cobrar mais atitude do governo, principalmente com relação a questão indígena. A cidade com menos de três mil habitantes, despertou atenção nacional depois que dois agricultores foram assassinados por índios há quinze dias. Pelin tentou pela segunda vez marcar uma reunião com o ministro da Justiça, mas não foi recebido.

– Essa aparente calmaria entre os produtores e índios, é pelo fato de que estão aguardando a decisão do ministro. Ele prometeu uma decisão para o dia 22. Espero que ele tenha bom senso nessa decisão, que não venha causar novas tragédias – diz Pelin.

O prefeito de Novo Xingu, também no norte gaúcho, Godofredo Werkhausen, demonstrou tensão ao atual momento vivido na região. A Fundação Nacional do Índio (Funai) está fazendo um estudo de demarcação de terras na área e não divulga as informações. Propriedades rurais na cidade já foram invadidas.

– Não se sabe quanta área e quantos agricultores serão atingidos se houver essa liberação da área indígena. Não temos informações. Esse grupo técnico não é de exclusividade da Funai. É isso que nós queremos discutir com o governo federal e com os órgãos para que haja uma imparcialidade maior nessa questão de solicitação de área indígena – destaca.

Já no Mato Grosso do Sul, o problema é a falta de pagamento das indenizações prometidas pelo governo federal. Há um ano, quatro propriedades foram invadidas e desapropriadas em Sidrolândia. De acordo com o prefeito, Ari Basso, os proprietários que tiveram que deixar o local, ainda não foram ressarcidos.

– A promessa do governo federal é fazer o pagamento ao proprietário dessas áreas. Só que até agora não se chegou a um acordo sobre o preço. Teve uma avaliação feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pela Funai que ficou muito abaixo do preço real do município. Precisamos logo dessa definição – salienta.

Apesar da gravidade da situação, a disputa de terra entre índios e produtores rurais não foi incluída na pauta da marcha dos prefeitos, o que provocou indignação nos representantes das cidades envolvidas no conflito.

– A gente tentou colocar na pauta a semana toda junto com Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) trabalhou para isso. Saio frustrado daqui por não debater esse assunto. Íamos colocar a real situação que vive esses tantos municípios. Só assim seria possível ter um outro conceito sobre demarcação de terras – lamenta o prefeito.

Segundo a CNM, os prefeitos não enviaram o tema demarcação de terras indígenas em tempo para ser incluído na pauta da marcha.

 

CANAL RURAL