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PRODUTORES DÃO ULTIMATO AO GOVERNO FEDERAL

/ FUNDIÁRIO

Os produtores rurais de Mato Grosso do Sul, que tiveram as propriedades invadidas por indígenas, deram um ultimato ao governo federal diante da demora na resolução da disputa por terras no Estado.

A Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul) encaminhou ofício ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, cobrando posicionamento da União. Caso não haja uma resposta concreta até o dia 30 de novembro, a promessa é de encerramento das negociações e apelação aos organismos internacionais.

O documento foi enviado no dia 24 de setembro, mas o anúncio da medida foi feito na tarde de hoje (30) na sede da entidade, na presença de produtores que brigam na Justiça para manter o direito à propriedade e seus respectivos advogados.

O setor está descontente com a postura do governo federal, que descumpriu o prazo para aquisição de terras invadidas entre os municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. A data, 20 de agosto, tinha sido estipulada em comum acordo durante reuniões para solucionar o conflito. São 31 fazendas na região, destas, apenas quatro não foram ocupadas por indígenas.

“O ministros da Justiça e da Casa Civil nos receberam e pediram prazo para realizar o levantamento das áreas e como seriam feitas as indenizações. Até agora, não temos nada concreto em relação à fala dos ministros. Só eu participei de quatro reuniões, que aparentemente não serviram de nada”, disse Riedel em relação à reunião com os ministros José Eduardo Cardozo e Gleisi Hoffmann.

“Vamos dar trégua para o governo federal até 30 de novembro. Sem o pagamento da fazenda Buriti, ficaremos fora das negociações e vamos exigir que decisões judiciais sejam cumpridas, se for preciso, até nos tribunais internacionais”, disse o advogado Newley Amarilla, que defende um grupo de produtores rurais da área de Dois Irmão do Buriti.

Fazenda Buriti – O caso da invasão da Fazenda Buriti, que fica na zona de conflito de Dois Irmãos e Sidrolândia ganhou repercussão depois que um indígena morreu e outro foi baleado durante desocupação pela Polícia Federal.

O proprietário, Ricardo Bacha, teve decisão favorável da Justiça, mas os índios se recusaram a desocupar a fazenda. A União propôs comprar a terra e pagar não só pelo valor da terra nua, mas também pelas benfeitorias construídas. Até então, a compra, que deveria ser concluída em 20 de agosto, conforme o acordo, não foi concluída, bem como as das demais fazendas.

Conflito Agrário - Hoje, 67 fazendas estão invadidas por indígenas no Estado, segundo levantamento da Famasul. A fazenda Fronteira (o mais antigo impasse jurídico sem solução do Estado), no município de Antônio João, a 279 quilômetros de Campo Grande, foi tomada em 1998, e até hoje a família do proprietário convive com os indigenas que estão na terra.