
Mato Grosso do Sul encerra o primeiro semestre de 2025 com projeções otimistas. A estimativa de crescimento de 5,5% no PIB estadual é puxada, majoritariamente, pela força do campo. A agricultura e a pecuária têm dado demonstrações concretas de vitalidade, tecnologia e resiliência. Mas nem mesmo esse desempenho robusto consegue esconder um incômodo crescente: a falta de coerência nas políticas públicas voltadas ao setor.
O recém-anunciado Plano Safra 2025/2026 é um exemplo claro disso. Embora traga um volume expressivo de R$ 89 bilhões destinados à agricultura familiar, peca ao oferecer juros pouco atrativos de até 8%, e ao manter entraves históricos para o efetivo acesso ao crédito por parte de pequenos e médios produtores. Fala-se muito em protagonismo, mas pouco se viabiliza, de fato, para que ele ocorra.
Mais preocupante ainda é o sinal que vem de Brasília com o contingenciamento de recursos do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Essa medida desestrutura por completo a espinha dorsal do plano: a segurança produtiva. Sem um seguro rural robusto e acessível, o risco recai integralmente sobre os ombros do produtor. E em um país sujeito a eventos climáticos extremos, isso beira a irresponsabilidade.
É inaceitável que, ao mesmo tempo, em que o governo estimula a produção, fragilize a principal ferramenta de mitigação de riscos à disposição do produtor. Essa contradição compromete não apenas a viabilidade econômica do campo, mas também a credibilidade das próprias políticas públicas agrícolas.
Em Mato Grosso do Sul, a agropecuária se diversifica e se fortalece: soja, milho, cana-de-açúcar, amendoim, citros e novas culturas ganham espaço; a pecuária aponta crescimento de faturamento acima de 16%; a suinocultura vive um novo ciclo de valorização. Mas para que esse ciclo virtuoso se mantenha, é preciso mais do que incentivo: é preciso proteção, previsibilidade e coerência.
O Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho reafirma seu papel como espaço de diálogo, capacitação e defesa do produtor rural. E mais do que nunca, é hora de união e mobilização institucional. O agro tem feito sua parte. Cabe agora ao Estado assumir sua responsabilidade, com seriedade, com escuta e com planejamento.
Sem isso, o Plano Safra seguirá sendo apenas uma peça publicitária. E o Brasil continuará desperdiçando uma de suas maiores riquezas: o campo.