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A que classe social você pertence?

/ DIVERSOS

Waldir Guerra *

 

Se você não sabia agora fica sabendo, o governo lhe considera um cidadão de Classe Alta. Sim, porque você tem um rendimento superior a R$1.019,00 e os da Classe “C” pertencem apenas aqueles que ganham por mês entre R$291,00 e 1.019,00, o que não é seu caso. Isto segundo a classificação do ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Marcelo Neri.

Veja a que ponto chega a enganação dos marqueteiros do governo, quem ganha de R$81,00 até R$291,00 por mês pertencem à Classe Baixa. Os que ganham acima disso até R$1.019,00 fazem parte da decantada Classe “C” e diz o ministro que seriam 104 milhões de brasileiros. Foi dessa tabela organizada pelas réguas dos marqueteiros que 60 milhões de brasileiros atingiram a classe média no atual governo. E dá-lhe propaganda em cima disso!

Agora veja a classificação apresentada pela ABEP, Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas, no seu Critério de Classificação Econômica Brasil, ou simplesmente, Critério Brasil: São oito classes a começar com a “E” (2,6%) que são os que ganham até R$277,00 por mês. Classe “D” onde estão os que ganham daí até R$485,00 – essa tem o maior contingente da população brasileira (25,4%).

Na classe “C-2” (21,8%) estão os que ganham de 485,00 até 726,00. Na “C-1” (20,7%) os que ganham 1.195,00.

Na classe “B-2” (15,7%) os que ganham 2.013,00 e na “B-1” (8,9%) que ganham 3.479,00.

Na classe “A-2” (4,1%) quem ganha 6.564,00 e na classe “A-1” (0,9%) quem ganha 9.733,00.

Esta classificação do Critério Brasil transcrita acima é a que os bons jornalistas adotam para comparações em seus trabalhos jornalísticos e não aquela criada pelos marqueteiros a serviço do governo.

Dos marqueteiros até seria aceitável aturar exageros em seus esforços para vender seus produtos, mas dos políticos a gente sempre soube que eles têm a mania dos pescadores: mentem no tamanho e na quantidade de suas realizações. E assim sempre acabam caindo no ridículo e perdem credibilidade.

No jornal La Nacion de Buenos Aires de 12/11, o sociólogo e escritor Mariano Caucino denuncia que o marketing está reduzindo a política a um mercado onde dá no mesmo vender candidatos a governantes que latas de tomate. E conclui seu artigo dizendo: “Uma sociedade é madura e atual quando seus líderes aspiram a serem estadistas e não apenas operadores que seguem as pesquisas. Ou seja, quando seus governantes pensam, discutem e agem tendo em vista o interesse contínuo da nação e não apenas para responder à última pesquisa realizada pela manhã. A política substituída pela cultura das pesquisas e o abandono dos valores no altar do pragmatismo e do marketing, esvazia de conteúdos o debate e é o principal sintoma de um declínio preocupante”.

Quando num governo a propaganda é demais, ela tende a levar quem governa para um governo forte, ou seja: uma ditadura. E de ditaduras a gente conhece bem os efeitos delas.

Não é o caso do Brasil, mas o exemplo de exageros em propaganda o mundo já teve. E nunca é demais refrescar a memória: o melhor caso a ser lembrado é do marqueteiro de Hitler na Alemanha. Aquele que cunhou o dito que uma mentira repetida cem vezes torna-se uma verdade. Relembrar o resto da história daquela marquetagem, de seu marqueteiro e de todos aqueles para quem ele trabalhou não será necessário. Você pode nem saber a que classe pertence, mas sabe muito bem quanto mal fez ao mundo o marketing mentiroso na Alemanha durante a Segunda Guerra mundial.    

 

* Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador em Pato Branco-PR, secretário do Estado e deputado federal por Mato Grosso do Sul. E-mail: wguerra@terra.com.br