Safra baiana de milho terá mais produtividade mas, também, mais custos

Integração entre lavoura e pecuária tem se mostrado boa alternativa para equilibrar as contas

A colheita de milho na Bahia não acabou, mas já se sabe que a produção vai ser maior do que na safra passada. A estiagem que castigou as lavouras em 2013, chegou já na fase reprodutiva do grão este ano, causando poucos estragos. O desafio dos agricultores baianos continua sendo o equilíbrio dos custos. A equipe de reportagem do Canal Rural, que acompanha a Bahia Farm Show, em Luis Eduardo Magalhães, visitou propriedades e conversou com os produtores.

A região oeste da Bahia plantou 248 mil hectares de milho em 2013 e colheu 1,9 milhão de toneladas. Poderia ser mais, mas a seca que limitou a produção. Passado um ano, as notícias são melhores: 70% da atual safra já foi colhida e a expectativa é atingir 2,3 milhões de toneladas.

– Os níveis de produção estão sendo melhores que ano passado, estamos com a expectativa de um fechamento de safra bom em termos de produtividade – diz o gerente de produção do Grupo Denardin, Luis Daniel Descovi.

Descovi plantou 2,3 mil hectares de milho e vai vender a saca entre R$ 22 e R$ 24. O preço é o mesmo do ano passado, o problema são os custos, que aumentaram.

– Nos últimos anos os custos vêm aumentando, algumas tecnologias Bt não estão resistindo a pressão de lagartas de modo geral e, junto com isto, as novas tecnologias estão vindo com custo muito alto de implantação – aponta o produtor rural.

O engenheiro agrônomo Renato Mercer diz que tem observado em campo menor eficiência de algumas tecnologias Bt.

– Há duas, três safras passadas, certas tecnologias precisavam de duas ou três aplicações. Hoje a gente está visualizando algumas tecnologias com até sete aplicações, resultando num aumento de custo de US$ 120 por hectare, em média nacional.

Integração Lavoura-Pecuária

Uma alternativa para enfrentar todas estas dificuldades em relação ao aumento de custos é a integração lavoura e pecuária. O manejo sustentável vem aumentando nos últimos anos. A propriedade de Luis Daniel Descovi é um exemplo: o milho já foi colhido e a braquiária vai servir de alimento para o gado.

Dos 280 mil hectares de milho plantados nesta safra, 110 mil são utilizados para a integração, com ganhos significativos. A braquiária, segundo Renato Mercer, enriquece a terra com potássio. Na propriedade de Desconvi, o ganho é de 25 sacas a mais de milho por hectare.

– Todos os produtores que entram no sistema dificilmente retrocedem, a gente vê um crescimento bem exponencial da tecnologia na região oeste da Bahia – diz Mercer.

Além da produtividade com milho, Desconvi comemora o aumento de peso do gado. Cada animal chega a ganhar 2,5 arrobas a mais com este sistema.

– Vale a pena. Tem custos de implantação e um tempo de adaptação, mas a gente que faz integração lavoura pecuária tem um ganho financeiro no final, ajuda a chegar mais perto das contas no final da safra – diz o produtor.

CANAL RURAL