Sindicato Rural de Campo Grande/MS: o seu problema é nosso problema [Oscar Stuhrk]

Visando reunir e aproximar os responsáveis pelos sindicatos rurais dos municípios que possuem os maiores rebanhos de bovinos no Brasil, bem como uma ótima oportunidade para troca de conhecimento, compartilhamento de ideias, acertos e erros, o BeefPoint está realizando uma série de entrevistas com os presidentes destes sindicatos, cujo resultado será divulgado nos próximos dias e você confere aqui.

Os sindicatos foram listados com base nos levantamentos do IBGE de 2012.

Confira a entrevista com Oscar Stuhrk, presidente do Sindicato Rural de Campo Grande/MS.

Advogado por formação e pecuarista, Oscar Stuhrk assumiu a presidência do Sindicato Rural de Campo Grande/MS em março de 2013. O lema de sua gestão é “O seu problema é nosso problema”.

Apesar de decorridos apenas oito meses de mandato, várias propostas já foram implementadas, dentre as quais a produção de Cartilha Ambiental em parceria com o IBAMA, visando orientar o produtor; contratação de médico do trabalho, criação do novo site do sindicato, criação do GTE Jovem, assinatura de Termo de Cooperação com a Câmara Municipal e gestão junto a deputados federais sobre invasão de terras. Planeja-se ainda, a implantação de um banco de funcionários, visando estimular a venda e compra em bloco.

BeefPoint: Quais os principais desafios de sua região em relação a pecuária de corte?

Oscar Stuhrk: O preço. Pela primeira vez rompemos a barreira de R$ 100,00 no preço da arroba, o que equivale a R$ 6,66 o quilo. Há três anos estamos com o preço da carne congelado. Hoje, o valor da arroba deveria estar a R$ 130,00, o que equivaleria a R$ 8,66 o quilo. Mas, isso se computássemos a inflação, ou seja, apenas R$ 2,00 a mais.

O que chama a atenção é o fato de que ao consumidor final o quilo de carne chega a ser comercializado por R$ 45,00. Alguém está ganhando muito e com certeza não somos nós, produtores.

Temos ainda que considerar o preço da carne da vaca, que por uma questão interna da indústria chega a custar até 8% a menos do que a do boi. Portanto, temos que lutar para equipararmos o preço da carne. Tanto faz se é de macho ou de fêmea. Ao mesmo tempo, o consumidor deve ficar atento para pagar menos pelo preço da carne de vaca enquanto perdurar esse deságio sobre o corte da carcaça de fêmeas.

Com relação ao sabor entre a carne de gado macho e fêmea, desconheço que exista alguma diferença. Talvez quem tenha um paladar mais apurado possa perceber alguma diferenciação.

BeefPoint: Quais as vantagens de sua região frente ao mercado e a produção de pecuária?

Oscar Stuhrk: Liquidez. Não existe falta de pagamento. Comprou, pagou. Aqui existem leiloeiras sérias e apenas pessoas bem intencionadas nesta região, enfim, dinheiro na carteira ou no pasto. Quanto à produção, os índices são excelentes e por mais que se abatam fêmeas, há sempre a oferta considerável de bezerros.

BeefPoint: O que os pecuaristas de sua região tem feito de interessante que pode servir de exemplo para os demais pecuaristas brasileiros?

Oscar Stuhrk: Conseguimos a precocidade não só do abate como de produção das fêmeas. Aqui não existe mais a recria.

BeefPoint: Quem é o pecuarista pioneiro da sua região, que você mais admira pelo trabalho de longa data que vem fazendo para estimular e desenvolver a pecuária na região?

Oscar Stuhrk: São vários, mas da nossa região posso citar, sem medo de errar: Francisco José de Carvalho Neto.

BeefPoint: O que o Sindicato tem feito para motivar os pecuaristas a frequenta-lo?

Oscar Stuhrk: Com a internet a disposição para dirimir dúvidas, o produtor de fato afasta-se do sindicato. Procuramos trazer assuntos pouco vistos, como foi o caso da sucessão familiar, sobrevivência urbana, enfim, temas pouco comuns. Incrementamos também a realização de almoços, por meio da venda de convites, em encontros festivos que estão promovendo a união e a interação entre os associados.

No primeiro dia de dezembro teremos o último almoço do ano e vocês estão convidados. De fato, o ambiente e a alegria são os nossos grandes motivadores.

BeefPoint: Qual serviço, produto ou atendimento o sindicato oferece aos pecuaristas do município que você considera mais importante/relevante para o sucesso do produtor?

Oscar Stuhrk: Estamos no sindicato direto e ao ouvir o associado você recebe sugestões e ideias que acabam resultando em iniciativas para o bem de todos os associados. Oferecemos departamento de pessoal, consulta a advogado trabalhista, plano de saúde, dentistas, nota fiscal, emissão de GTA, café, chá e agora como novidade o médico do trabalho.

Além disso, oferecemos os serviços de consultor ambiental, competente e atualizado e um jornal mensal. Promovemos também palestras, seminários e cursos de capacitação, com participação de grande número de associados.

BeefPoint: Quais os principais desafios do Sindicato?

Oscar Stuhrk: Acabar com três situações bastante prejudiciais aos produtores, nessa ordem: invasão de terras; Fundersul, um fundo que arrecada dos produtores R$ 300.000,00 por ano e vacinação contra a febre aftosa, que já foi erradicada há muito tempo.

São situações impossíveis de se acabar, segundo o pensamento comum, mas o papel do Sindicato é reconhecer o pleito dos associados e reclamar por eles.

BeefPoint: Qual instituição você admira por fazer um excelente trabalho?

Oscar Stuhrk: FAMASUL, IAGRO, SEPROTUR, Banco do Brasil e Acrissul.

BeefPoint: O que o Sindicato implementou de diferente em 2012-2013 para os pecuaristas?

Oscar Stuhrk: Não só para o pecuarista, mas para todos os sócios, o médico do trabalho (sugerido pelo diretor Gastão Lemos Monteiro) e o grupo de troca de experiência com jovens  (Criado por Rafael Gratao). Como faltam dois meses para acabar o ano, esperamos criar o banco de bons funcionários, que tem como finalidade não perder de vista um bom funcionário.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente para facilitar a produção da pecuária em sua região?

Oscar Stuhrk: Estamos estudando com o nosso tesoureiro Thiago Arantes a criação de um aplicativo simples para celulares que auxilie o pecuarista a “tocar” sua fazenda, alertar sobre lotação, identificação e peso do animal, cotações, enfim, tudo que você precisa ter em mãos para facilitar o diagnóstico de um acerto ou de um erro na administração rural.

BeefPoint: Qual seu recado para os produtores da sua região?

Oscar Stuhrk: Participem do Sindicato. Caso não queiram mais problemas, venham festejar conosco e caso não tenham clima para festa, venha reclamar e, sobretudo, resistir. Juntos podemos mais!

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