
Em entrevista ao Giro Estadual de Notícias nesta terça-feira (27), o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Eduardo Monreal, antecipou os principais temas e destaques da próxima edição do Interagro, que será realizada nos dias 5 e 6 de junho, na Capital. O evento promete unir tecnologia, sustentabilidade e valorização do produtor rural, com uma programação voltada à inovação e à responsabilidade ambiental.
Monreal ressaltou que essa será a sua primeira edição à frente do sindicato e destacou o simbolismo de realizá-la na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente. “Buscamos promover a interação entre o produtor rural e o meio urbano, aliando a tecnologia à preservação das tradições que fazem parte das raízes de Mato Grosso do Sul”, afirmou.
Entre os destaques do Interagro está a presença de Evaristo de Miranda, referência nacional em sustentabilidade e colunista da revista Oeste. Ele trará dados sobre a contribuição ambiental do produtor rural brasileiro. Também será apresentada a atuação dos agricultores da Área de Proteção Ambiental (APA) da Guariroba, responsáveis pela preservação da água que abastece Campo Grande. “Práticas como o isolamento de nascentes e o manejo do gado fora dos rios são ações concretas de produção responsável”, disse Monreal.
Outro ponto alto do evento será a apresentação de soluções tecnológicas inovadoras. Entre elas, um aplicativo desenvolvido por Rita Ferrão, ex-presidente da Associação Brasileira de Carbono, que permite medir o carbono e o oxigênio no solo via celular. A ideia é fomentar o acesso dos produtores aos créditos de carbono, tornando a sustentabilidade uma fonte de renda.
A programação também inclui a inauguração do Espaço Comitiva, uma nova área do sindicato reformada para receber casamentos, formaturas e outros eventos sociais. Para Monreal, essa é mais uma forma de integração com a comunidade. “Hoje, o networking é tão importante quanto a tecnologia. Conversar, trocar experiências, conhecer o que cada um está fazendo — isso faz toda a diferença”, afirmou.
Produção recorde e gargalos de armazenagem - A safra 2024/2025 deve alcançar cerca de 25 milhões de toneladas somando soja e milho. No entanto, o presidente do sindicato alerta para a insuficiência da infraestrutura de armazenagem em Mato Grosso do Sul, cuja capacidade estática está entre 12 e 13 milhões de toneladas.
Eduardo Monreal destaca inovações do Interagro 2024, alerta para desafios de armazenagem e defende valorização do pequeno produtor e da integração entre entidades
“Muitos produtores acabam sendo obrigados a vender sua produção de forma precipitada, sem condições adequadas de armazenagem. Isso impacta diretamente na rentabilidade”, alertou. Para resolver o problema, o sindicato busca parcerias com o governo federal, cooperativas e setor privado. “Precisamos de políticas públicas para ampliar essa infraestrutura e dar mais autonomia ao produtor.”
Outro tema abordado na entrevista foi a crescente expansão da citricultura no estado, motivada por problemas sanitários enfrentados por outras regiões produtoras. “O Mato Grosso do Sul se apresenta como um local ideal para o desenvolvimento da atividade, com clima e solos favoráveis. Muitos produtores estão nos procurando em busca de orientação técnica para investir com segurança”, relatou Monreal.
Monreal foi enfático ao defender que a distinção entre pequeno, médio e grande produtor não deve ser vista de forma segmentada. “Todos enfrentam os mesmos desafios: clima, mercado, exigências de qualidade. Para nós, todos são produtores. Somos irmãos do campo”, afirmou.
O dirigente destacou o papel do Senar na capacitação dos agricultores, com cursos que vão desde produção de alimentos até técnicas de comercialização. “Nosso objetivo é agregar valor ao produto, com boa apresentação, embalagem adequada e, acima de tudo, rentabilidade.”
O presidente do sindicato ressaltou a importância das parcerias institucionais com entidades como Famasul, Acrissul e a Associação dos Criadores de Nelore (Nelore MS). “Essas instituições precisam ser respeitadas e valorizadas. Elas garantem a representatividade do produtor rural e ajudam a sociedade a entender o esforço por trás da produção de alimentos.”
Por fim, Monreal manifestou preocupação com a possibilidade de geadas nas próximas semanas. O fenômeno climático pode comprometer plantações, especialmente o milho, e afetar a saúde dos rebanhos. “Precisamos estar preparados. Animais bem nutridos resistem melhor, e é fundamental garantir pastagens de qualidade. No campo, cada detalhe conta”, finalizou.
Fonte: A Critica