
Com a proximidade do novo Plano Safra, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou ao governo federal uma lista com 10 propostas fundamentais para o ciclo 2025/2026. O documento, construído de forma colaborativa com sindicatos, federações e produtores de todas as regiões do país, reflete o que o campo mais precisa: acesso eficiente ao crédito, segurança para enfrentar riscos e menos burocracia para produzir.
Na avaliação do Sindicato Rural de Campo Grande (SRCG), o debate em torno do Plano Safra precisa ir além dos números. “Não adianta anunciar bilhões em recursos se o crédito não chega na ponta. Muitos produtores enfrentam dificuldades para acessar financiamentos por causa de travas burocráticas, exigências excessivas e lentidão na liberação dos valores”, afirma o presidente do sindicato, Eduardo Monreal.
Entre as principais propostas da CNA, destacam-se a modernização do seguro rural — com a aprovação do Projeto de Lei 2951/2024 — e o reforço no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), com destinação de R$ 4 bilhões. Para o SRCG, tratar do seguro rural é, hoje, uma urgência. “O produtor trabalha a céu aberto, vulnerável ao clima. A cada safra, os riscos são maiores e o seguro precisa acompanhar essa realidade com mais agilidade e proteção efetiva”, ressalta Monreal.
Outra demanda considerada essencial pelo sindicato é a ampliação dos recursos disponíveis, com a proposta de R$ 594 bilhões em financiamentos para o novo ciclo. Desse total, R$ 390 bilhões seriam destinados a custeio e comercialização, R$ 101 bilhões para investimentos e R$ 103 bilhões para agricultura familiar. No entanto, o SRCG alerta que mais importante que o volume é a garantia de acesso: “Precisamos de mecanismos que assegurem que esses valores cheguem, especialmente aos pequenos e médios produtores, sem interrupções ou amarras”.
O documento aponta ainda que programas como Pronaf, Pronamp, Inovagro, Proirriga, PCA e Renovagro devem ser fortalecidos, uma vez que são fundamentais para a modernização das propriedades, adoção de práticas sustentáveis e construção de infraestrutura, como armazenagem e irrigação. “São linhas de crédito que trazem retorno direto à produtividade, mas esbarram na dificuldade de contratação ou em recursos insuficientes”, diz o presidente do SRCG.
Além disso, o sindicato endossa o pedido de modernização do Proagro, a adequação dos limites de renda do Pronaf e do Pronamp e o incentivo à adoção de práticas socioambientais com bonificação ou redução de taxas. Para o SRCG, reconhecer quem produz com responsabilidade ambiental é estratégico, mas os critérios precisam ser claros, simples e compatíveis com a realidade do campo.
Por fim, a entidade também destaca a importância de eliminar entraves regulatórios que ultrapassam a legislação ambiental vigente e coibir práticas abusivas no crédito, como a venda casada de produtos bancários. “O produtor já lida com uma série de desafios. Não podemos aceitar que o crédito rural, que deveria ser um instrumento de apoio, se transforme em mais uma fonte de dificuldade”, conclui.